sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

O "PAI NOSSO" e a TEOLOGIA DA PROSPERIDADE


Vou começar pela teologia da prosperidade! Aliás, uns chamam de “evangelho da prosperidade”. Aí é demais! Extrapola qualquer sensatez. Afinal, “evangelho” significa “boas novas”. Não vou entrar na exegese dessa teologia ou evangelho. Seria perder tempo. Apenas alguns comentários e relacioná-la com o “Pai Nosso”, ensinado por Jesus. Até onde se sabe, o livro de Jó teria sido o primeiro a ser escrito na Bíblia; portanto, o mais antigo. Se isso é verdade, a mulher de Jó foi a desencadeadora da “teologia da prosperidade”. Brincadeiras à parte, aos fatos.

Jó era um homem especial. Amado de Deus. A Bíblia diz que ele era íntegro, justo, temia a Deus e evitava fazer o mal (1:2). Ninguém mais que o próprio Deus afirmou sobre Jó: “... Não há ninguém na terra como ele, irrepreensível, íntegro, homem que teme a Deus e evita o mal” (1:8 NVI). Alguma dúvida de que Jó era um homem “segundo o coração de Deus”? Que era um homem “santo”? Que era alguém a quem Deus amava e sobre ele derramaria todas as bênçãos?  Pois é, mesmo assim ele perdeu toda fortuna que tinha. Perdeu, também, todos os filhos. Desgraça demais para um homem piedoso, íntegro e que amava a Deus sobre tudo e todos.  No auge da sua dor ele ainda pode exclamar em resposta à sua mulher: “... Aceitaremos o bem dado por Deus, e não o mal?” (2:10 NVI).

Poderia, biblicamente, citar tantos reis, profetas, discípulos, homens e mulheres de Deus que sofreram as aflições de Cristo... justamente por serem pessoas “segundo o coração de Deus”. Não há qualquer dúvida que esse tipo de teologia/evangelho tem sido a propulsora do alto índice numérico do crescimento quantitativo do “setor evangélico” no Brasil. Lembro que em 1993 li um livro intitulado “Super Crentes” (Paulo Romeiro), que já tratava do assunto. Portanto, essa abordagem já está ficando carcomida; todavia crescente nesses arraiais.

O que impressiona é a multidão que caminha por tais meandros sem qualquer conhecimento da Bíblia. Simplesmente vai atrás de “milagreiros” e não tem a sensatez de verificar a Bíblia, como fizeram os bereianos (Atos 17:11). Estes examinavam as Escrituras para verificar se o que ouviam do apóstolo era a verdade. Há que se concordar que essa “onda neopentecostal” da “prosperidade” tem sido um verdadeiro tsunami; todavia, provocado não pelo conhecimento da Palavra, mas por uma “eisegese” (não sei onde li isso) satânica, pois foi exatamente o que ele fez no deserto, ao tentar a Jesus usando a própria Palavra de Deus.

A revista Forbes mostrou como vive nababescamente os “donos – apenas alguns - dessa teologia”.  Enquanto isso, a Bíblia diz que o próprio Filho de Deus, não tinha onde reclinar a sua cabeça (Mateus 8:20). Não tenho dúvidas que os números mostrados pela FORBES estão longe de mostrar a verdade. Até dólares escondidos em Bíblia já aprontaram. É de fazer rir, não fosse tragicômico. É esse tipo de teologia que “enche o embornal”, como dizia minha vó.  É tudo pela “graça” que, não tenha dúvida, tornar-se-á em desgraça. Se não aqui... o será na eternidade. Veja com cuidado o que disse Jesus em Mateus 7:21-23.

Não se adora mais a Deus porque Ele é Senhor, é Santo, é Soberana, é Criador. Não mais pelo que Ele é... mas, apenas por aquilo que ele dá. Na verdade, essas pessoas não sabem o que Deus tem, porque não conhecem as Escrituras, a não ser alguns poucos textos esparsos e convenientes. Não há uma hermenêutica bíblica, onde a Bíblia interpreta a própria Bíblia. A impressão que tenho é que esses “líderes” evangélicos, e seus seguidores, acham que Deus tem uma grande empresa de moto boys, onde estes estão disponíveis vinte e quatro horas por dia, para pronta entrega de bênçãos. E ai do dono da empresa, se não entregar a tempo. Nessas entregas angélicas de moto boys estão as bênçãos de imunidade a pobreza, ao luto, às tragédias, as aflições da vida. Deus deixou de ser Senhor e passou a ser escravo. É o “Deus utilitário”! Já pensou se os “moto boys” se insubordinassem e dissessem ao patrão: - Chega. Estamos em greve!

Mas, e o “Pai Nosso”! Para ser simplista, orar é entrar na intimidade de Deus, ou seja, é falar com Ele. Para quê? Para adorá-Lo, louvá-Lo, abrir o coração, chorar e, também, buscar as suas bênçãos. Acontece que as orações se tornaram “ladainhas”. Repetições e repetições inúteis. Pedir... pedir e pedir. Oração é muito mais que isso. A oração demonstra o amor que o servo tem pelo seu Senhor, pela mediação de Jesus Cristo e pela iluminação do Espírito Santo.  Jesus sempre deu o exemplo de oração. Ao ser instado a ensinar sobre a oração, Ele deu um exemplo fantástico: o “Pai Nosso”. Eis o que Ele ensinou:
  1. Pai nosso, que estás nos céus! Primeira lição: Deus é Pai, portanto somos filhos e como tal devemos obedecê-lo.
  2. Santificado seja o Teu nome! Segunda lição: O nome dEle é santificado, ou seja, Ele é Santo. Por isso deve ser adorado. Ele e somente Ele.
  3. Venha o Teu Reino! Terceira lição: O reino é dEle. O rei é Ele. Somos tão somente súditos.
  4. Faça-se a Tua vontade, assim na terra como no céu! Quarta lição: Se Ele é o rei desse reino, a vontade dEle deve ser feita. Onde? No céu e na terra. Afinal, se Ele é Rei e somos súditos, não passamos de escravos.
  5. O pão nosso de cada dia dá-nos hoje! Quinta lição: Quem dá o pão de cada dia é Ele; portanto, somos dependentes dEle.
  6. Perdoa-nos as nossas dívidas! Sexta lição: Somos pecadores e, por isso, precisamos pedir perdão ao único que pode perdoar.
  7. E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal! Sétima lição: Somos fracos espirituais e dependemos dEle para que não caiamos em tentação.
  8. Porque Teu é o Reino, o poder e a glória para sempre! Oitava lição: Dele é o poder e a glória, pois o Reino pertence a Ele. E isso é para sempre. Então, o que fazer? 

Obedecer a Ele ou dar ordens a Ele? Que lições importantes Jesus ensinou. Teologia ou evangelho da prosperidade? Leia e estude a Bíblia. Prosperidade ou prospe-rindo (li isso faz muito tempo e não sei onde, por isso não posso dar o crédito)? .

Obrigado meu querido Jesus.  Contigo tenho aprendido o que significa: “no mundo tereis aflições”; mas também “tendes bom ânimo, porque eu venci o mundo” (João 16:33). Se você quer se aprofundar nesse assunto, estude com carinho e profundidade o Salmo 73. É um tesouro a ser encontrado pelos adeptos da “teologia da prosperidade”.

Obrigado apóstolo Paulo (o verdadeiro) que me ensinou: “Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem-alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade” (Filipenses 4:12 NVI). E conclui com uma precisão divina dizendo que por causa de ter aprendido a viver com os dois lados da questão ele podia dizer: “Tudo posso naquele que me fortalece” (Filipenses 4:13 NVI). Em Deus ele podia aguentar tudo: fome, frio, nudez, necessidades, açoites... assim como a ter abastança.  Como este versículo tem sido usado satanicamente fora do contexto.

Para encerrar quero ainda agradecer a Paulo (o verdadeiro apóstolo) quando me ensina: “Três vezes roguei ao Senhor que o tirasse de mim. Mas Ele me disse: ‘Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza’ (...) Por isso, por amor de Cristo, regozijo-me nas fraquezas, nos insultos, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias. Pois, quando sou fraco é que sou forte” (II Coríntios 12: 8-10 NVI).

Obrigado Deus! Estou convicto que “a Tua graça me basta”. Tenho algo muito mais importante hoje, aqui e na eternidade. O Teu amor... a Tua graça! Elas me bastam.





Um comentário:

  1. Como sempre, muito bom seu artigo, meu caro. Precisamos levantar nossas vozes conrea esse evangelho distorcido que tem sido propagado.

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