quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

DE PASTORES E DE HERÓIS!


Não sei ao certo se são heróis ou super-heróis! O mundo está cheio deles. Pobre da sociedade que precisa de heróis, super-heróis ou ídolos! O ser humano busca aquilo que não é – e gostaria de ser- em outros seres humanos que considera heróis. Quando criança eu também tinha meus heróis. Cresci, amadureci, aprendi e entendi definitivamente o que significa ter heróis e ídolos humanos... é para os fracos. Quem – da minha idade - não se lembra do Zorro? Do Capitão América? Do Fantasma? Mais modernamente há o Batman, o Homem Aranha e tantos outros. Outros colocam seus ideais em líderes políticos. Foi assim com Hitler, Mussoline, e tantos mais. Hoje alguns políticos brasileiros continuam sendo idealizados como super-heróis também. E no meio evangélico? Há pessoas – uma multidão – que não daria sua vida por Jesus... mas a daria por alguns “super-heróis” pastores, apóstolos, bispos ou querubins que estão se enriquecendo a custa da ignorância bíblica dos “fiéis”. Fiéis a esses astros... não a Jesus. Ao depositar sua fé e esperança em heróis humanos perpetua-se uma ideologia satânica onde se pensa que uma só pessoa resolve tudo. Esquece-se que esse “ídolo” é humano, portanto feito, também, de barro.

Idealiza-se um mundo utópico, quimérico, ideal! Ele simplesmente não existe. Veja que o Criador em Sua sabedoria fez o humano diferente dos outros animais. Um boi, um cavalo, uma cabra ao nascerem já saem andando. Dentro de poucas horas estarão providenciando o próprio alimento. Com os humanos não é assim. Foram feitos para socialização e dependência. A criança ao nascer se não tiver cuidados – e muitos – jamais chegará a ser adulto. E quando adulto vai sempre viver na dependência de trabalhos alheios.  Ninguém é uma ilha. Todos fazemos parte de um processo muito bem estruturado de dependência uns dos outros. Super... há um só! Deus!

O maior teólogo de todos os tempos e, em consequência, o maior intérprete de Jesus e do verdadeiro cristianismo foi o apóstolo – o verdadeiro – Paulo. Ele encontrou essa situação na igreja de Corinto. Lá uns idolatravam a Apolo, outros a Paulo, talvez outros a Pedro.  Mas, não “idolatravam” a Jesus. Basta ler I Coríntios 3.  Então, de forma contundente Paulo afirma: “Afinal de contas, quem é Apolo? Quem é Paulo? Apenas servos por meio dos quais vocês vieram a crer, conforme o ministério que o Senhor atribuiu a cada um. Eu plantei, Apolo regou, mas é Deus quem fez crescer; de modo que nem o que planta nem o que rega são alguma coisa, mas unicamente Deus que efetua o crescimento” (I Co. 3:5-7 NVI).

Paulo estava lidando com uma igreja cheia de humanos, como são todas as existentes desde sempre. Lá havia dissensões, inveja, brigas. O foco principal dos crentes de Corinto era bem outro do verdadeiro. Havia uma disputa interna pra saber quem era o maioral: Apolo ou Paulo. E Cristo? Hoje, há uma renhida briga entre os milhares de fãs pra saber quem é o maior: Bispo X (há tantos), apóstolo V, missionário R, pastor S, querubim tal. Nada mudou. A ignorância e desconhecimento de Deus e de Sua palavra é crassa. Por caminhos ínvios o mundo evangélico tem andado.

Todo e qualquer líder é feito da mesma massa que todos os seres humanos. Portanto, pecadores, falhos. Líderes espirituais são – ou deveriam ser – apenas SERVOS. Servos de Deus e da sua igreja. É isso que Paulo ensina claramente no texto de I Coríntios 3.  Nem o que plantou, nem o que está regando são coisa alguma. Ah, se as pessoas escutassem o que Paulo ensinou... o mundo cristão seria diferente.

A mim me parece que esses tais sofrem aquilo que a psicologia chama de “Complexo de Messias”. Acho que alguns desses, que são psicólogos, faltaram à aula nesse dia. A enciclopédia Wikipédia diz o seguinte: “Complexo de messias é um estado psicológico no qual o indivíduo acredita ser ou estar destinado a se tornar o salvador de algum campo de atuação específico, grupo, evento, período de tempo ou até mesmo do mundo inteiro. Afligidos pelo Complexo de Messias louvam sua própria glória ou alegam absoluta confiança em seus próprios destinos e capacidades e nos efeitos que terão sobre um grupo de pessoas ou aspecto da vida. Em alguns casos o complexo de messias pode estar associado à esquizofrenia onde a pessoa ouve vozes, tem alucinações e acredita que é Deus, espíritos, anjos, deuses ou outros que falam com ele o que, na visão da pessoa, confirmaria sua messianidade. Nos casos mais graves, pessoas com Complexo de Messias podem se ver literalmente como Messias espirituais/religiosos com poderes transcendentes e destinados a salvar o mundo”.

O ditador Hitler desenvolveu o Complexo de Messias. Isso se tornou em fobia contra os judeus quando percebeu que a Alemanha piorava sua situação na Segunda Guerra Mundial. Em abril de 1942 foi redigido a “Solução Final”; medida que acentuou o extermínio em massa dos judeus.  Transcrevo “ipsis líteres” do site TERRA: “Os analistas do serviço secreto notaram um estado de paranoia nos discursos de Hitler e uma crescente preocupação em acabar com uma população que o político alemão via como a encarnação do diabo. O documento, escrito pelo acadêmico da Universidade de Cambridge Joseph MacCurdy, foi encontrado nos arquivos dos familiares de Mark Abrams, um cientista social que trabalhou para a seção de análise de propaganda da BBC. Poucas semanas depois da redação do relatório, o Terceiro Reich elaborou seu plano para aplicar a Solução Final. MacCurdy afirmava que Hitler demonstrava em seus discursos sinais de "paranoia", "histeria" e "epilepsia", causada por uma situação na qual ele "contemplava a possibilidade de uma derrota total". O mais preocupante, segundo o acadêmico, era a crescente paranoia de Hitler, especialmente seu complexo messiânico, pois ele achava que liderava o povo eleito”.

Porventura não é exatamente que tem acontecido com esses pastores super-heróis? Arrogam-se como super-heróis, transmitem a ideia e as pessoas incautas ou com outros interesses passam a ver nessa pessoa o seu super-herói. Isso retroalimenta a mente doentia hitleriana da maioria desses pastores, bispos, apóstolos e correlatos. Estes acham que, sozinhos, vão salvar o mundo, ou o seu grupo e que não precisam de mais ninguém e que a “concorrência” faz mal. Pessoas com Complexo de Messias não sabem que o verdadeiro crescimento do Reino de Deus não se faz assim. Paulo deu a fórmula faz dois mil anos: um planta, outro rega... mas é Deus quem dá o crescimento; portanto, todos somos servos uns dos outros. Lembrando que “o Filho do homem não tinha onde reclinar a sua cabeça” (Mt. 8:20).

A coisa fica ainda pior quando se vê a igreja alimentando isso de forma ferrenha. Idolatram o seu pastor, apóstolo, bispo; ou seja lá o que for. Aí deduzem que a oração do seu super-herói é mais poderosa (afinal, seu herói diz que vai fazer uma ‘oração forte’). Por isso, a pessoa não ora mais, precisa chamar o pastor super-herói. O pastor ou congêneres passam a ser a solução para tudo na vida das pessoas. As pessoas passam a viver uma vida cristã desgraçada; afinal, elas possuem um super-herói que está sempre pronto pra resolver seus problemas. Quando encontram um pastor sério, conhecedor da Palavra e com intimidade com Deus o rejeitam porque ele “não tem oração forte nem poder”. Satânica ignorância. O pastor é que tem que evangelizar seus amigos, parentes, vizinhos; afinal, eles também precisam ir para o céu. Mas, quem tem que fazer isso? O super-herói. E o “crente” não mais evangeliza. Afinal, para isso existe o super-herói que está todo dia na televisão. Basta assistir e beber uma água abençoada com oração forte. Deus... que cristianismo é esse?  Como já dizia uma velha música de um roqueiro nacional: “Pare o mundo que eu quero descer”!

Igreja é uma comunidade de pessoas salvas em Jesus Cristo e por Jesus Cristo. O líder é alguém vocacionado por Deus para dirigir Seu povo a “pastos verdejantes” e fazer desse povo discípulos. Discípulos que, sob a liderança humana do pastor e sob o poder do Espírito Santo levem o evangelho da graça salvadora a todos aqueles que estão ao alcance e no raio de ação da igreja. Costume dizer que há igrejas que, se fecharem as portas, não farão qualquer diferença na vida da comunidade onde estão plantadas. Qualquer padaria, se fechada, fará mais falta do que a igreja. A igreja não incomoda mais a vida espiritual das pessoas. A maioria é só barulho e idolatria evangélica insuflada pela autolatria de líderes com Complexo de Messias.

A verdadeira igreja de Jesus Cristo, independente de denominação, precisa exterminar com líderes com esse Complexo de Messias. Deixar o individualismo e partir para um trabalho sério através de toda igreja ou equipes treinadas para evangelizar. Todo verdadeiro cristão precisa ter presente em seu coração e mente que o Reino de Deus não se faz com super-heróis, mas com servos dedicados e unidos em um só propósito: salvar vidas para Cristo. Minha obrigação como filho de Deus é fazer a minha parte e “... ai de mim se não pregar o evangelho...” (I Co. 9:16). O convencer é obra do Espírito Santo. O trabalho é meu, do meu irmão, do líder... todos unidos pela força do amor a Deus e na dependência do Espírito Santo em obediência as ordens do Senhor Jesus. Amém. 

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