Creio que estou entrando em um terreno difícil. Areia
movediça. Mas, vou ser simples e direto; sem maiores preocupações teológicas.
Quero, rapidamente, resvalar por um só dos atributos de Deus: o Seu amor
imensurável e absoluto. Está aí a tragédia da cidade gaúcha de Santa Maria. Incêndio
trágico da boate “kiss”, com mais de duzentos e trinta mortos. Ainda está
latente na memória o tsunami no Japão; o acidente com o avião da TAM em São
Paulo; a tragédia do Gran Circus Norte-Americano em Niterói, com mais de
quinhentos mortos na década de 60; os incêndios nos edifícios Andraus e Joelma
em São Paulo; o vazamento da Usina de Chernobyl na Ucrânia; o afundamento do
navio Titanic; e tantos outros mundo afora. Onde estava Deus que permitiu tanta
tragédia? Não é Ele um Deus de amor? Isso não parece injustiça? Não seria a
justiça de Deus algo incompatível com Seu amor absoluto? Sobre a “Justiça de
Deus”, foco em outro artigo proximamente.
Ouvi nestes últimos dias comentários sobre isso! Tragédias
globais ou locais onde centenas de vidas são ceifadas à revelia de suas
vontades, não são incompatíveis com o amor de Deus? Por que, se centenas dessas
vidas em todas essas tragédias “seriam”, também, de “filhos de Deus”? Por que
Deus permite tudo isso? Confesso que o cristianismo, e a Bíblia, não oferecem
respostas simples ou fáceis a tais questionamentos. Não há consolo para os
familiares, parentes e amigos.
Vamos começar pelo começo (redundância intencional)! O que é amor?
O dicionário diz que é um substantivo masculino. Diz, também, que é um
sentimento de dedicação e afeto para com alguém ou alguma coisa. Os mais
conservadores e teológicos diriam que é dividido em amor Ágape, Eros e Filéo. Já
amar
é verbo (pode ser: transitivo direto, intransitivo ou pronominal, dependendo do
uso que se faz do amor). Verbo indica ação. Todos sabemos disso, espero!
Amor é sentimento... amar é ação! Veja que diferença abismal e ao mesmo tempo,
semelhante. Voltemos ao amor de Deus.
Qual é a evidência maior do amor e do consequente ato de amar
de Deus? Não tenho medo de afirmar: é a Cruz! Você crê na inerrância da
Bíblia? Então, delicie-se no texto de I João 3:16 (NVI) “Nisto conhecemos o que
é o amor: Jesus Cristo deu a sua vida por nós....”.
Amar é ação. Amar é isso: alguém dar a vida por alguém. Nada menos que isso! O
que o apóstolo João está afirmando categoricamente é que, se não fosse Cristo
Jesus e Sua cruz, o mundo jamais saberia o que é, de verdade, o amor. Verdade
que eu e você sentimos o amor. Esse é um atributo de Deus que nos foi dado ou
transmitido por Ele. Mas esse amor humano é uma gota no oceano do amor de Deus.
Só Ele doou Seu Filho, Jesus, na cruz. Este é o verdadeiro amor. Ele já
demonstrou isso de forma cabal e inexorável. Não precisa provar mais nada para
ninguém. O amor de Deus foi, é e sempre será sem segundas intenções. Pureza
total. Nenhum dicionário tem o condão de definir o amor de Deus. Quer saber o
que é o amor de Deus? A
única resposta possível está no calvário!
João é o apóstolo do amor. Outro texto precioso dele é este:
“Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele
nos amou e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados” (I João 4:10
NVI). Se Paulo, em Romanos, tem a cruz como demonstração da justiça divina;
João – o apóstolo do amor – a usa como manifestação do amor. No verso anterior
(9) João afirma que Jesus, e o sacrifício da cruz, são a mais pura demonstração
do amor de Deus. E afirma mais: “... para que pudéssemos viver por meio dele”. Viver
por meio dele (Jesus)!
As tragédias estão aí... latentes ou não! Dor lancinante,
choro pungente... desespero! Natureza gemendo e se manifestando furiosa aqui e
acolá. Os seres humanos se voltam para questões vitais da luta entre o bem e o
mal. Não encontra resposta e pergunta: onde está Deus? Aliás, no salmo 42, o salmista em patente
estado de desespero e depressão já gritava dizendo que sua alma e suas lágrimas
exclamavam: “Onde está o seu Deus?” O próprio salmo traz a resposta. Vale a
pena lê-lo.
Por mais que o desespero das tragédias, aparentemente,
contradiga o amor de Deus; ninguém pode deixar o centro da questão de lado: a
cruz de Cristo. É lá que está a maior e mais vibrante demonstração do amor de
Deus em ação. E Ele o fez de forma visível, pública, com uma multidão de
testemunhas. Aquela cruz... a do meio, lá no alto do gólgota é a verdadeira
demonstração de que Deus é amor.
Ainda há algumas coisas a serem ditas sobre o amor de Deus e
a tragédia de Santa Maria. Fica para amanhã. Este artigo não é novela (nem
gosto delas, aliás, não as assisto); todavia, a falta de espaço de um blog
convida você a voltar amanhã. Grande
abraço... no amor de Deus, que na cruz demonstrou o quanto me ama! E a você
também! Amém.
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