quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

A TRAGÉDIA DE SANTA MARIA E O AMOR DE DEUS (parte III)


Uma coisa é uma coisa... outra coisa é outra coisa! Filosofia barata, eu sei! Aliás, não sei quem disse isso. Mas serve para o que busco neste último artigo da presente série. Sentimento humano de tristeza, pesar, lamento pela trágica morte de quase duzentas e cinquenta pessoas, maioria jovens, em Santa Maria/RS é absolutamente normal e compreensível.  Junto-me aos milhões que estão sofrendo e indignados ao redor do mundo e, principalmente, aos familiares enlutados. Isso é uma coisa! Questionar o amor de Deus e tentar culpa-lo pela tragédia... bem, isso é outra coisa! Como já disse, tenho orado diariamente pelo consolo de todos que sofrem nestes instantes.

Entretanto há “irmãos” cristãos de diversas etiologias de fé que asseveram coisas absurdas. São pessoas que se acham “espiritualistas e espiritualizadas” demais. Cristãos que tem um enfoque completamente equivocado. Ou por falta de conhecimento bíblico-teológico, ou por ignorância simplesmente, ou, talvez, por má fé mesmo. Isso não importa. Mas, não posso deixar de andar por tal meandro; ou mesmo por esse caminho ínvio. Não tenho medo de afirmar que, muitas vezes, o carregamento é de religiosidade preconceituosa. Outras vezes, as insinuações espiritualistas dão-se por proselitismo torto e sem compaixão.

Uns colocam a culpa em satanás. Outros a colocam em Deus. Por que é que “o capeta” tem que ser culpado? Tem ele esse poder? Seria ele “soberano” a tal ponto? Estude, ao menos, o livro de Jó. Seu poder e atuação sofrem restrições do próprio Deus. Outros entendem que é Deus trazendo Seu juízo irado sobre jovens que estavam se esbaldando, pecando, consumindo álcool, drogas e sexo. São “teólogos” que se metem a “besta” confundindo o Deus que é amor do Novo Testamento, com as ações específicas de Deus no Velho Testamento, onde tinha objetivos específicos em uma humanidade em formação, a quem estava se revelando progressivamente, até que chegasse ao “Deus da Graça”, através de Jesus Cristo.

Biblicamente falando, às vezes, o sofrimento é punitivo. Outras vezes é apenas provação passageira para lapidar o cristão. Outras vezes são fatores naturais aos quais todos os seres humanos estão sujeitos simplesmente. Mas a discussão disso não é o propósito aqui. Precisariam muitos livros – e já há em demasia – para se estudar todos os lados da questão. Isso não importa agora. O importante a saber é que as tragédias estão aí e ninguém pode ou tem o direito de julgar de quem é a culpa. Diria que é uma série de fatores que, quase sempre, extrapola à compreensão humana. Portanto, sem julgamentos. Uma coisa sei: Deus sabe de todos os porquês! Se Ele quiser revelar... Ele o fará. Se não quiser... Ele é soberano (veja Deuteronômio 29:29).

Ouvi e li de pessoas aparentemente esclarecidas teologicamente, que se põem a criticar Lady Gaga que se deixou fotografar fazendo uma prece pelo consolo dos enlutados.  Afinal, uma pessoa “não cristã e do mundo” não tem o direito de sentir tristeza e orar ou rezar pelas pessoas enlutadas? Não estariam esses “cristãos” fazendo muito melhor se fossem, também, solidários e orassem a Deus pedindo consolo aos familiares? Afinal, “... a oração de um justo é poderosa e eficaz” (Tiago 5:16c). É preciso parar com a mania cristã de “julgar as pessoas”. Isso é tarefa de Deus que conhece cada coração. Ao invés de crítica... as pessoas precisam de consolo e ajuda. Isso é amor em ação. Quem fala o que não deve, mesmo – e principalmente - como cristão, precisa ler, reler e estudar Tiago 3, sobre o “domínio sobre a língua”. Há horas em que a verdade tem que ser dita “nua e crua”. Há horas em que se deve calar; principalmente diante de dor tão lancinante quanto à perda de entes queridos de forma tão macabra e sem sentido.

Já que falei acima de se estudar Jó, completo: o que é que fizeram os “santos religiosos” amigos de Jó, diante da sua incurável e quase insuportável dor? Agiram como se fossem advogados de Deus, sem dEle terem recebido procuração. Veja que esses “cristãos amigos” de Jó, receberam tremenda reprimenda do próprio Deus.

Começo a pensar nos púlpitos evangélicos! Vejo a maior parte dos programas televisivos (bobagem pura, quase todos). Visito amiúde igrejas para saber o que se anda pregando. É de chorar amargamente! A maior parte dos cultos, músicas, mensagens são pândegos. Não passam de catarses emocionais em nome de Deus. As pessoas recebem na veia injeção de espiritualidade (sic) e saem eufóricas. E tudo se acaba na primeira esquina da crise. As pessoas não são ensinadas para encarar a vida e o mundo como ele realmente é: “no mundo tereis aflições” (João 16:33).  Há uma enxurrada de “teologias” alheias à Bíblia, principalmente a da famigerada “prosperidade”.  Um passeio pelas letras dos hinos e hinetos produzidos nos últimos tempos dá a certeza da mediocridade teológica em que estão chafurdados os “levitas” modernos (Que barbaridade). Deus vai pedir contas. Triunfalismo puro e barato... e feito em nome de Deus! Outras vezes dando ordens a Deus!

Até parece que tragédias já não aconteceram em “templos evangélicos”. Busque na internet e vai descobrir quantas tragédias aconteceram nos arraiais evangélicos. Quantos tetos já desabaram? Quantos acidentes com ônibus aconteceram? Foi Deus ou o diabo o culpado? Ora, é preciso levar a coisa a sério. Deus não é brinquedo que se conduza ao prazer de “ventos de doutrinas” espiritualizadas.

O Brasil está de luto novamente. Comoção nacional. Dor e mais dor. O que fazer com ela? Que lições se podem tirar? Quem ou quais os culpados? Ora bolas... culpados vão aparecer (quase nunca os verdadeiros). Mas, o que importa isso? Vai apagar a dor da tragédia? Jamais. O que importa é: o que fazer para que se evitem novas tragédias? Nada adianta culpar este ou aquele. As lições é que são importantes. E elas precisam ser aprendidas.

Se isso serve de consolo... Jesus também chorou. Chorou ao ver o estado deplorável da vida espiritual de Jerusalém. Chorou ao ver a tristeza e o pranto de Marta e Maria por ocasião da morte de Lázaro, irmão delas. Ele deu o exemplo. Ao sentir o choro da irmã do morto e dos amigos presentes comoveu-se, foi até as lágrimas (João 11:33-36).

Igreja de Jesus Cristo... ouvi! O mundo não receberá o impacto espiritual que necessita, enquanto a igreja não voltar à Bíblia. À sua mensagem pura e divina. Sem profetismo, sem triunfalismo, sem apostolicismo, sem teologias ocas e vazias e que não produzem cristãos de têmpera e, ao mesmo tempo, com coração de carne e não de pedra.  Chorai com os que choram, ensina Jesus.  O mundo real está lá no vale das tribulações, dos problemas, das tragédias. Não está no enclausuramento, na montanha, nos retiros. O mundo real está no vale e chora.  Chore com o mundo e providencie, em Deus, o consolo que realmente ele necessita: o evangelho da cruz de Cristo, que transforma e dá vida.  Junto-me... triste, taciturno, aos milhões de entristecidos pela tragédia. Que aprendamos a evitar tais tragédias. Que Deus, no seu amor absoluto nos console a todos. Principalmente aos enlutados de Santa Maria/RS. Nisto eu creio. Amém.





quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

A TRAGÉDIA DE SANTA MARIA E O AMOR DE DEUS (parte II)

Sou ser humano. Tenho coração e sentimentos. Dói-me, e muito, o sofrimento causado em tantas famílias em função de tamanha tragédia. Eu e minha esposa temos orado, todos os dias, para que cada família, cada pessoa enlutada seja consolada pelo Espírito Santo de Deus. Nada mais há a fazer pelos mortos. Sofrem os vivos... e muito. Como ser humano, junto-me a tristeza de todos.

Todavia, não posso me furtar saber separar o fato da tragédia e o fato do amor de Deus. Conhecedor da Palavra de Deus (nem tanto quanto preciso, e ou, gostaria), tenho que saber separar as coisas. E a melhor fonte que conheço é a Bíblia; afinal, ela é a Palavra de Deus. Nisto creio! E isso é definitivo. Volto a ela, pois.

Coloquei no artigo anterior, aquilo que enfatizou João, o apóstolo do amor. Quero me prender um pouco ao apóstolo Paulo. O primeiro texto que me vem à mente é: “... Deus derramou seu amor em nossos corações, por meio do Espírito Santo que ele nos concedeu” (Romanos 5:5 NVI). O segundo é: “Deus demonstra seu amor por nós: Cristo morreu em nosso favor quando ainda éramos pecadores” (Romanos 5:8 NVI).  Veja algo fantástico na junção desses dois textos.

A obra conjunta do Filho e do Espírito é notória. Como é que Deus prova seu amor para conosco? Pelo fato histórico de que Seu Filho morreu em nosso lugar e, também, porque Seu amor é derramado continuamente, por meio do Espírito Santo, que habita dentro em nós. Verdade é que Ele só habita no coração daqueles que O receberam como Salvador e Senhor. E é isso que faz toda a diferença, segundo a Palavra de Deus. A demonstração do Seu amor por mim e por você vem pelo fato de ter dado Cristo para morrer em nosso favor (Rm. 5:8). E isso se torna ainda mais profundo na percepção da Trindade. Na verdade, Deus não poupando Seu próprio Filho, não estava poupando o Seu próprio Ser. Estou enfatizando a verdade do que é o amor de Deus, para diferenciá-lo do amor humano.

Tragédias e mais tragédias tem acontecido no mundo todo. Centenas e milhares de pessoas enlutadas, tristes, chorosas todos os dias, em todos os lugares, independentemente de quaisquer tragédias. O número de mortos de uma só vez é que produz a comoção, como em todas as outras tragédias trazidas à tona pela mídia nestes dias. Basta percorrer os baixos de qualquer viaduto em qualquer cidade. Basta adentrar em qualquer favela de qualquer cidade. Basta parar em qualquer esquina cruel de qualquer beco. Basta olhar os rostos esquálidos de crianças em frente a qualquer vitrine de qualquer restaurante. Basta visitar quaisquer hospitais em qualquer lugar do mundo. Basta olhar para a criança suja da minha rua. Basta olhar para as meninas - e meninos também - que são estupradas diariamente, inclusive nas igrejas. Bem... a lista iria longe. As pequenas e individuais tragédias não comovem. Só as grandes.  Mas... grandes ou pequenas, coletivas ou individuais; sempre haverá um coração sangrando, uma lágrima caindo, um sentimento de dor, e ou, de revolta. Antes de perguntar sobre o que Deus está fazendo... eu preciso perguntar: o que é que eu estou fazendo para minorar isso? Que tipo de amor eu tenho que só me comovo em grandes tragédias? Por que não me comovo com as tragédias particulares que estão ao meu redor no dia-a-dia? Por que nestas pequenas eu não pergunto onde “Deus está?”.  Deus já provou o Seu imenso amor para comigo e para com a humanidade.

As leis da natureza estão aí e são imutáveis. O homem depreda a natureza, o meio ambiente, o espaço, as águas e não se pergunta: por que faço isso? Não tenho amor pela natureza e pelas pessoas que sofrerão pelas minhas ações?  Os homens constroem verdadeiros labirintos sem escape – e ainda cobram caro -; e ninguém pergunta: essas pessoas não amam? O que é amor ao próximo? As pessoas adentram a esses labirintos buscando diversão, alegria fugaz, bebidas e drogas... sem o devido cuidado de verificar as possibilidades de tragédia, e ninguém pergunta se elas amam a si próprias. Ninguém, ninguém mesmo – e eu sou o primeiro a me incluir – está imune a acidentes, incidentes e tragédias. Mas, a pergunta não pode ser: onde está o amor de Deus. Ele já deu todas as provas do Seu amor. E isso é definitivo.

Concretamente, ninguém está pronto para qualquer tipo de tragédia. E a da cidade de Santa Maria não é diferente. Insuflados pela mídia ávida por audiência, as pessoas são levadas a mais comoção e, não poucas vezes, a atitudes que nunca teriam em outras circunstâncias. Não há como não refletir sob todos os ângulos possíveis da tragédia; mas poucos refletem sobre a brevidade da vida, como afirmou Moisés, no salmo 90. Questionamentos infindos surgem nos momentos de tragédias. Questionamentos que são logo esquecidos... menos pelas pessoas que passaram pelo centro da dor com a perda de pessoas queridas. Dentre esses questionamentos sempre há aqueles que perguntam: onde está Deus e Seu amor nessa hora? É o humano questionando o divino. É o mortal questionando o eterno. É o pecador questionando o Santo. É a criatura questionando o Criador. Seria isso possível?

Vou voltar até a cruz. No momento de maior angústia de Cristo, derramando suor de sangue Ele questiona o Pai: Por que me abandonou Pai? Não vou entrar em qualquer exegese teológica. Aqui não é o lugar. Qual foi a resposta do Pai? O que Deus disse ao Seu Filho amado? Nada! Absolutamente nada. Ele fez o que tinha que fazer.

Li, faz poucas horas, um artigo de Alan César Corrêa. Não o conheço, mas gostei do artigo. Faço menção porque ele conta uma história que não tive como checar. Mas, ilustra uma verdade sobre o tema. A história é sobre Clive Staples Lewis (C.S. Lewis). Lewis é uma das minhas leituras prediletas. Segundo o artigo, conta-se que Lewis adoeceu gravemente. Seu enfermeiro disse que queria perguntar a Deus o porquê do sofrimento terrível que Lewis estava passando. O enfermeiro sabia que Lewis era cristão, amava a Deus, era bondoso e ajudava muito a outras pessoas. Então, Lewis, virando-se para seu enfermeiro teria dito: - Sabe o que Deus vai te responder? – Não, respondeu! Então, Lewis assevera categoricamente: - Deus vai te responder: ‘O que te importa’? O que é que Lewis estava dizendo?

Estava dizendo que a vontade de Deus é “boa, agradável e perfeita” (Romanos 12:2) e soberana. E o autor do artigo arremata: “ - ... achava que todo mundo que tivesse fé tinha direito a um milagre, mas vi muita gente de fé sofrer, hoje eu sei que o milagre é exceção e está muito mais relacionado com a vontade de Deus do que com minha fé, e que por mais que eu tenha fé, essa fé não pode mudar Sua vontade, pois Sua vontade é melhor do que a minha”. Concordo plenamente.

É perder tempo procurar por respostas. Deus está acima de tudo e de todos... e, ao mesmo tempo, Ele está aqui, dentro em mim, pela ação do Seu santo Espírito, que me consola, me alimenta e me ajuda a prosseguir confiante de que Seu amor extravasa qualquer sentimento, pois já foi provado na cruz e, a cada dia, seu Espírito derrama no meu coração a certeza de que o Amor de Deus é O AMOR VERDADEIRO.

Então, vou amar mais a meus irmãos, vou amar mais ao meu próximo, vou estender a mão a quem eu puder fazê-lo; vou colher mais flores, vou fazer mais poesia, vou abraçar mais, vou chorar com os que choram, vou me alegrar com quem estiver alegre, vou ficar em silêncio com quem estiver em silêncio, vou cantar com quem estiver cantando e vou, acima de tudo, amar mais a meu Deus, servindo-o com tudo que sou e possuo; pois Ele demonstrou Seu imenso amor por mim, quando Jesus, Seu Filho amado, morreu na cruz.

Para encerrar o artigo de hoje, convido você a ler a terceira parte amanha. E com o terceiro artigo eu encerro – pelo menos para mim – o assunto. E por que vou escrever mais um? Por que não quero deixar dúvidas sobre meus sentimentos sobre a tragédia. Nestes dois primeiros quis, apenas, mostrar biblicamente que o AMOR DE DEUS não pode ser questionado em meio a comoções de tragédias coletivas ou individuais. Mas, não posso compactuar com posições evangélicas espiritualistas e espiritualizadas que tenho lido alhures. Então, até amanhã.  Amém.


terça-feira, 29 de janeiro de 2013

A TRAGÉDIA DE SANTA MARIA E O AMOR DE DEUS (parte I)


Creio que estou entrando em um terreno difícil. Areia movediça. Mas, vou ser simples e direto; sem maiores preocupações teológicas. Quero, rapidamente, resvalar por um só dos atributos de Deus: o Seu amor imensurável e absoluto. Está aí a tragédia da cidade gaúcha de Santa Maria. Incêndio trágico da boate “kiss”, com mais de duzentos e trinta mortos. Ainda está latente na memória o tsunami no Japão; o acidente com o avião da TAM em São Paulo; a tragédia do Gran Circus Norte-Americano em Niterói, com mais de quinhentos mortos na década de 60; os incêndios nos edifícios Andraus e Joelma em São Paulo; o vazamento da Usina de Chernobyl na Ucrânia; o afundamento do navio Titanic; e tantos outros mundo afora. Onde estava Deus que permitiu tanta tragédia? Não é Ele um Deus de amor? Isso não parece injustiça? Não seria a justiça de Deus algo incompatível com Seu amor absoluto? Sobre a “Justiça de Deus”, foco em outro artigo proximamente.

Ouvi nestes últimos dias comentários sobre isso! Tragédias globais ou locais onde centenas de vidas são ceifadas à revelia de suas vontades, não são incompatíveis com o amor de Deus? Por que, se centenas dessas vidas em todas essas tragédias “seriam”, também, de “filhos de Deus”? Por que Deus permite tudo isso? Confesso que o cristianismo, e a Bíblia, não oferecem respostas simples ou fáceis a tais questionamentos. Não há consolo para os familiares, parentes e amigos.

Vamos começar pelo começo (redundância intencional)! O que é amor? O dicionário diz que é um substantivo masculino. Diz, também, que é um sentimento de dedicação e afeto para com alguém ou alguma coisa. Os mais conservadores e teológicos diriam que é dividido em amor Ágape, Eros e Filéo. Já amar é verbo (pode ser: transitivo direto, intransitivo ou pronominal, dependendo do uso que se faz do amor). Verbo indica ação. Todos sabemos disso, espero! Amor é sentimento... amar é ação! Veja que diferença abismal e ao mesmo tempo, semelhante. Voltemos ao amor de Deus.

Qual é a evidência maior do amor e do consequente ato de amar de Deus? Não tenho medo de afirmar: é a Cruz! Você crê na inerrância da Bíblia? Então, delicie-se no texto de I João 3:16 (NVI) “Nisto conhecemos o que é o amor: Jesus Cristo deu a sua vida por nós....”. Amar é ação. Amar é isso: alguém dar a vida por alguém. Nada menos que isso! O que o apóstolo João está afirmando categoricamente é que, se não fosse Cristo Jesus e Sua cruz, o mundo jamais saberia o que é, de verdade, o amor. Verdade que eu e você sentimos o amor. Esse é um atributo de Deus que nos foi dado ou transmitido por Ele. Mas esse amor humano é uma gota no oceano do amor de Deus. Só Ele doou Seu Filho, Jesus, na cruz. Este é o verdadeiro amor. Ele já demonstrou isso de forma cabal e inexorável. Não precisa provar mais nada para ninguém. O amor de Deus foi, é e sempre será sem segundas intenções. Pureza total. Nenhum dicionário tem o condão de definir o amor de Deus. Quer saber o que é o amor de Deus?  A única resposta possível está no calvário!

João é o apóstolo do amor. Outro texto precioso dele é este: “Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados” (I João 4:10 NVI). Se Paulo, em Romanos, tem a cruz como demonstração da justiça divina; João – o apóstolo do amor – a usa como manifestação do amor. No verso anterior (9) João afirma que Jesus, e o sacrifício da cruz, são a mais pura demonstração do amor de Deus. E afirma mais: “... para que pudéssemos viver por meio dele”. Viver por meio dele (Jesus)!

As tragédias estão aí... latentes ou não! Dor lancinante, choro pungente... desespero! Natureza gemendo e se manifestando furiosa aqui e acolá. Os seres humanos se voltam para questões vitais da luta entre o bem e o mal. Não encontra resposta e pergunta: onde está Deus?  Aliás, no salmo 42, o salmista em patente estado de desespero e depressão já gritava dizendo que sua alma e suas lágrimas exclamavam: “Onde está o seu Deus?” O próprio salmo traz a resposta. Vale a pena lê-lo.

Por mais que o desespero das tragédias, aparentemente, contradiga o amor de Deus; ninguém pode deixar o centro da questão de lado: a cruz de Cristo. É lá que está a maior e mais vibrante demonstração do amor de Deus em ação. E Ele o fez de forma visível, pública, com uma multidão de testemunhas. Aquela cruz... a do meio, lá no alto do gólgota é a verdadeira demonstração de que Deus é amor. 

Ainda há algumas coisas a serem ditas sobre o amor de Deus e a tragédia de Santa Maria. Fica para amanhã. Este artigo não é novela (nem gosto delas, aliás, não as assisto); todavia, a falta de espaço de um blog convida você a voltar amanhã.  Grande abraço... no amor de Deus, que na cruz demonstrou o quanto me ama! E a você também! Amém.







segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

GÓLGOTA: EU ESTAVA LÁ


Entendo eu que a igreja de Cristo estará fadada à morte definitiva quando a doutrina da reconciliação for extirpada do cristianismo. E não há doutrina de reconciliação, sem que a “Cruz de Cristo” esteja no centro. Cristo e a Sua cruz são interligados, amalgamados. Todo o projeto de salvação, por parte de Deus, foi colocado ali... na Cruz! Não vou fazer exegese doutrinária sobre o assunto. Quero ser prático e pastoral na reflexão de hoje. Basta que se parta da inequívoca verdade bíblica de que o cristianismo só é cristianismo, se centrado for na Cruz de Cristo e no Cristo da Cruz e Sua ressurreição. Vou ser pessoal.

Separe algum tempo e mergulhe em águas mais profundas em Romanos 5, principalmente os versos 8-10. Romanos é uma carta doutrinária. Pesada. Profunda. Excepcional. Foi escrita para doutrinar e interpretar Cristo. A carta faz um passeio por temas como justiça de Deus, fé como veículo de salvação, conflito entre a velha e a nova natureza, eleição, predestinação, justificação, glorificação, segurança eterna da salvação. Todavia, todos eles giram em torno do tema central: a salvação. Não vejo em qualquer lugar da carta a salvação como é ensinada hodiernamente na maioria das igrejas: mero perdão de pecados ou uma viagem faceira ao céu. Paulo define a salvação como uma “metanóia” onde a pessoa se torna, obrigatoriamente,  “uma nova criatura completa”. Fica claro que não há salvação sem o “senhorio de Cristo”.

Jesus não morreu, mas foi morto. Para os romanos, Sua mensagem era revolucionária, portanto a acusação foi política. Nos tribunais rabínicos judaicos a acusação foi teológica. Era tido, pelos romanos, como ameaça: insuflava a sedição. Pelos judeus, acusado foi de blasfêmia por se dizer Deus. A Bíblia diz que Ele não era culpado. Mas, foi condenado e morto. De quem a culpa? Você pode acusar os soldados romanos que executaram a sentença. Isso é verdade... mas, não a verdade verdadeira. Você pode acusar os religiosos legalistas judeus que insuflaram Pilatos. Isso, também, é verdade. Mas não a verdade verdadeira. Pode até ser que você acuse Judas. Afinal, era seu discípulo e O traiu. Traidor é traidor... e sempre culpado. Bem, isso é verdade... mas, não a verdade verdadeira.

Autoridades romanas e judaicas, os soldados, o povo judeu, Judas, Pilatos! Todos tem sua parcela de culpa. Sempre fazemos a mesma pergunta cínica de Pilatos: “Que mal fez Ele?”. Afinal, Jesus curou doenças, curou as feridas da alma, ressuscitou a mortos, multiplicou pães e peixes para saciar multidões. Quem é o culpado? Lá no fundo podemos encontrar desculpas para todos eles. Afinal, os soldados eram mandados; as autoridades romanas temiam perder o poderio e o controle; os religiosos sacerdotes e escribas esperavam um Messias bélico; Judas também, afinal era um zelote; Pilatos era representante de Roma.
Sempre – e isso é natural – há de se encontrar desculpas para eles. Por quê? Porque vemos a nós mesmos neles! Gostaríamos de nos desculpar, também. E, se eu e você estivéssemos lá? O que faríamos? Não tenho dúvida de que faríamos, também, a mesma coisa. 

Aliás, o fizemos! Cada vez que qualquer ser humano se desvia de receber a Cristo como Senhor; ou se nega, como cristão, a ser semelhante a Ele e carregar a sua própria cruz... O está crucificando. Ele é crucificado diariamente por cristãos que são gananciosos por dinheiro... como Judas. Ele é crucificado por inveja... como as autoridades religiosas judaicas. Ele é crucificado por ambição... como fez Pilatos. Ele é crucificado por obediência legalista... como fizeram os soldados romanos. Como todos eles... EU ESTAVA LÁ! Não fui apenas espectador... fui participante. Não posso, como Pilatos, lavar as minhas mãos. Simplesmente há sangue nelas. Não há como tirar a minha responsabilidade. Não há como qualquer cristão eximir-se da responsabilidade. Há sangue nas mãos de todos. Foram os meus pecados que, também, colocaram Cristo na Cruz. Por isso, a cruz de Cristo e o Cristo que venceu a morte na cruz, por mim e por nós, tem que ser o centro absoluto da minha adoração e da minha vida cristã em ação. E vida cristã não é feita de lábios, de cânticos espirituais ou não, nem de orações emocionais. É feita de vida, de ação, de amor, de senhorio de Cristo na minha vida. Ele, pela cruz, é meu dono e Senhor. Sou apenas escravo, e nada mais.

Por isso, antes de pensar na cruz como algo feito para nos levar à fé e adoração, tenho que vê-la como algo feito por nós e, por isso, precisa levar ao arrependimento.  Sem a coragem de aceitar a parcela de culpa na morte de Cristo, ninguém pode reivindicar sua parte na “graça de Cristo”.

É preciso entender que o verdadeiro cristão é ex-escravo de satanás. Saiu de uma escravidão para entrar em outra: a de Cristo. Afinal, Jesus comprou cada um pelo alto preço do Seu sangue e fez, a todos os comprados, Seus servos, escravos.  Por mais paradoxal que possa parecer... é isso mesmo. Mas, que feliz é o escravo de Cristo. Liberto de satanás para a liberdade em Cristo. Vale a pena essa escravidão. Ela traz e leva:  paz, felicidade, amor, justiça, santificação. Amém!

domingo, 27 de janeiro de 2013

TEOLOGIA DO MERGULHE E PULE


Faz cerca de dois mil anos que Jesus, seus discípulos e os apóstolos perpetuaram em livro – a Bíblia – a vontade de Deus e todo conhecimento possível sobre Ele. Foram homens inspirados por Deus. O Espírito Santo veio para, dentre outras atividades, iluminar Seus filhos no conhecimento de toda a verdade (João 14:16-17; João 15:26-27; João 16:08-11).

Vinte séculos depois, os ensinos de Jesus, nunca foram tão deturpados. Toda uma geração de cristãos está sendo vitimada por um ensino caótico, pobre, sem padrão moral, sem teologia bíblica, sem doutrina salutar e, por isso mesmo, alheia à Bíblia. Por isso, o cristianismo evangélico sofre de nanismo espiritual. É uma espécie de hipodesenvolvimento espiritual acentuado, atribuível exatamente pela ingestão de “alimento estragado” por hermenêuticas nauseabundas. O resultado é um crescimento (quando há) atrofiado. Quase sempre esse nanismo produz uma suspensão de qualquer crescimento espiritual. Os “ventos de doutrina” se tornam facilmente assimiláveis.

Os “ventos de doutrina” se tornam palatáveis. Afinal, eles não exigem quase nada. Não há a conscientização do que seja “pertencer a Jesus Cristo”. As pessoas “aceitam a Jesus”... mas, não “recebem a Jesus” como Senhor. Ele é tão somente salvador... sem ser senhor. Portanto, não há servidão a Ele e, muito menos, o senhorio de Cristo. Os cristãos vivem e fazem da Bíblia uma simples “caixinha de promessas”.  É a “Teologia do Mergulhe e Pule”. Nesta só existem promessas... e nenhum mandamento. Mergulha-se nas promessas e pulam-se os mandamentos! A igreja de Corinto foi exemplo de igreja que não tinha maturidade cristã.

Há igrejas e pastores produzindo cristãos de verdade. São poucos, é verdade... mas existem. Todavia, a maioria nasce espiritualmente nanomélica. Isso acontece porque o interesse é esse mesmo: a produção de sub cristãos, levados por “ventos de doutrina” produtores das teologias vicejantes e que grassam o cenário cristão. Há interesses latentes financeiros, e ou, de poder; subjacentes ao evangelho sadio. Nem de longe estou falando de “modernismo”, mas de um cristianismo que se diz ortodoxo... mas, os fins são escusos. Quem tiver inteligência espiritual para entender... que entenda!

Os cristãos se “auto medem”, se “auto avaliam” à luz de pastores, bispos, apóstolos e, até, querubins humanos. Veja aonde se chegou! Longe demais em tantas heresias. A qualidade espiritual quedou-se drasticamente. A busca pela maturidade no Espírito resume-se a “encontrões”, “louvorzões”, “subidas ao monte”, “cânticos putrefatos teologicamente”. Verdadeiras catarses espirituais que se esboroam na primeira crise da segunda-feira. Sem entrar na famigerada “teologia da prosperidade”; essa sim, verdadeiro “ópio” espiritual.

A igreja imita o mundo e a recíproca não é verdadeira! A alegria no Senhor foi substituída pela alegria do “vamos pular” e outras aberrações vividas nos “palcos” cristãos. A verdade é que o cristianismo não mais produz santos, com raras exceções. Não há busca por santificação, até porque, para isso, é necessário um profundo reconhecimento das mazelas pessoais – os pecados – que hoje possuem nomes sofisticados. Dizer pecado é pecado, nessas lides!

Jesus, e tão somente Ele precisa voltar a ser padrão de medida para a igreja. O resto precisa ser tirado de cena. Hoje, digo novamente, os holofotes estão sobre os homens, sobre líderes (sic), sobre astros (sic) e não sobre Jesus e sua cruz. Há muita midiolatria, pastorlatria, apostolatria, missiolatria, igrejalatria e até bibliolatria (perdoem-me se essas palavras não existem... mas, deveriam existir). Jesus, e tão somente Ele, tem que nortear a Palavra e a Ação da igreja.

A igreja está ensimesmada. Para dentro. Enclausurada. No Novo Testamento não era assim. Um dia ouvi um pregador (não me lembro quem) dizer sobre a MALDIÇÃO DOS TEMPLOS. Estes aprisionam o evangelho. A igreja diz: Venham! Jesus disse: Ide!  Que aprendamos com John Knox que orava incessante: “Deus, dá-me a Escócia ou eu morro”. Ele produziu o grande avivamento escocês, que a maioria dos cristãos não sabe nem o que significa. – Deus, dá-nos homens e mulheres de Deus que queiram se aprofundar no conhecimento do Senhor Jesus e paguem o preço da produção de um verdadeiro avivamento espiritual bíblico nestas plagas brasileiras. Amém!

sábado, 26 de janeiro de 2013

QUE CRISTÃO SOU EU?


Uma das mais fantásticas afirmações bíblicas foi feita pelo apóstolo Paulo, através de uma pergunta: “Vocês não sabem que são santuários de Deus e que o Espírito de Deus habita em vocês?” (I Co. 3:16 NVI). Que coisa fantástica é essa! No dia em que recebi a Cristo como meu Senhor e Salvador, o Espírito Santo passou a habitar dentro em mim (Rm. 8:9). Como pode um miserável pecador como eu ser habitação do próprio Deus? Mas, na verdade, é isso mesmo que acontece. Que Deus maravilhoso, fantástico, misericordioso que eu tenho! Ele tem coragem de habitar em mim. Isso me obriga, voluntariamente, a viver de acordo com Sua vontade soberana.

Aonde os meus pés forem, Deus irá também. Aonde minha mente for, Deus irá também. O que quer que eu faça, Deus está junto comigo, melhor... dentro em mim. Será que cada cristão já parou para pensar na sua responsabilidade? Para onde meus pés tem me levado? Para onde minha mente tem viajado? Para onde e para que meus sentimentos têm sido derramados? Pare e pense! DEUS está dentro em mim em cada instante da minha vida! Por isso, tantas vezes Ele é entristecido
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No Seu plano salvífico, Deus Pai preparou um povo para que dele viesse, como homem, o Salvador. Ou seja, Deus fez-se homem. Então, quando Jesus andou por este planeta insólito, fê-lo como um homem agindo como Deus. Mas, o fato mais maravilhoso foi que, também, era Deus agindo como Deus no homem e em um homem. Afinal, Jesus, respondendo a uma indagação de Filipe disse: “... Quem me vê, vê o Pai. Como você pode dizer: ‘Mostra-nos o Pai’?” (João 14:9).

Jesus voltou ao Pai. Cumpriu Sua promessa de envio do Espírito Santo. Este veio de forma democrática a todos aqueles que O quisessem receber. O interessantemente mais fantástico é que, ao receber a Cristo, pela ação do Espírito Santo, a plenitude de Deus habita em pobres mortais como eu e você. A afirmação é do próprio Mestre: “Se alguém me ama, obedecerá à minha palavra. Meu Pai o amará, nós viremos a ele e faremos morada nele”. (João 14:23).

Que Deus estupefaciente eu tenho: Ele habita em mim! A Trindade habita em mim! Mas... a minha responsabilidade é, também, triplicada. Quando Cristo adentra, pelo Espírito, em uma vida; o cristão precisa começar a agir da mesma maneira que agiu, e ou, agiria Jesus. Ora, Ele é o “mesmo ontem, hoje e para sempre” (Hb. 13:8 NVI). A disposição dEle é a mesma; a obediência dEle é a mesma; o amor dEle é o mesmo; a justiça e santidade dEle é a mesma; a mansidão e humildade dEle é a mesma. Todo modo de agir dEle é o mesmo. Na Sua transcendência e imanência Ele enche os céus e a terra (Jr. 23:23-24). No Seu amor eterno, apesar do pecado humano, Ele habita dentro dos seus filhos. Isso significa que Ele habita, também, na natureza humana.

Pense seriamente! Jesus, caminhando na terra e entre os homens foi um homem que despejou amor. Ele era homem de oração, de adoração, de sacrifício, de obediência, de ação, de boas obras, de ajudar os outros, de servir sempre... a ponto de sacrificar-se indo até a morte, e morte de cruz. Então, que tipo de cristãos Seus filhos precisam ser? Afinal, Ele habita dentro de cada um de Seus filhos e promete dar toda ajuda necessária a estes.

Verdade que sempre haverá a “velha luta” entre o “velho e o novo homem”! Mas, até onde isso é desculpa? Isso merece um estudo acurado de Romanos 6, 7 e 8. Até lá. 

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

METANÓIA: O QUE É ISSO?


“Mudança de mente”!  Bem... quero esclarecer melhor. 
O português é uma língua neolatina originada na transformação do latim, ao longo do tempo.  O latim era um simples dialeto dos pastores do campo do pequeno território do Lácio, na Itália.  Cresceu tanto que dominou as demais línguas na Península Itálica à medida que os romanos se expandiam e aprimoravam sua cultura em contato com a grega.  Com a expansão romana, o latim foi imposto como língua oficial aos países conquistados; afinal a língua constitui importante instrumento de dominação.
Assim, no o contato com a cultura helênica, o latim e, posteriormente o português, foi impregnado com a língua grega dos grandes filósofos. Por exemplo: “agorafobia”, que em português significa “medo mórbido a lugares públicos ou praças”, tem sua origem no grego “ágora” (praça pública).
Metanóia é uma transliteração do grego e tem, na sua tradução, uma ampla aplicação: mudança profunda e radical de mente, incluindo as faculdades de percepção, compreensão, emoções, juízo e vontade; mudança do homem interior; mudança de opinião.
Teologicamente pode-se dizer que o termo significa transformação de pensamento, e ou, de caráter. Implícito está no termo que tal mudança deve acontecer no interior. Do lado de dentro. Fora será o reflexo. As ações é que vão dizer se houve metanóia.
Paulo enfatiza em Romanos 12:2 “... mas transformem-se pela renovação da sua mente...”. Pelo contexto ele pedia que os cristãos não vivessem como viviam as pessoas em geral, mas que fossem transformados por meio da mais completa mudança de mente. Só assim poderiam conhecer a soberana vontade de Deus que sempre seria boa, perfeita e agradável.
O evangelho de Cristo só será autêntico na vida do discípulo, se todo pecado for dilacerado da mente e das entranhas do coração.
Assim, quando o Espírito Santo promove a metanóia, Deus assume o controle         da mente, da razão. Consequência: mudança completa no “modus operandis” do novo discípulo: no trabalho, no ônibus, no metrô, na partida de futebol, no namoro, na hora da avaliação na escola, na roda de amigos, no falar, nas ações. Tudo passa a refletir uma mudança de atitude. A metanóia vem de dentro para fora.
O ser humano não passa a ser outra pessoa ou ter outra personalidade. Seu passado e sua história não mudam. A mudança acontecerá a partir de agora... até o futuro. Há uma vida nova a ser percorrida ocasionada pela “mudança de mente” efetuada pelo Espírito Santo de Deus.
A partir da metanóia não é mais o “velho homem” que vive, mas um “novo homem” passa a viver; e esse viver será através de ações extrapoladas para o viver diário. O ser humano que sofre a metanóia passa a dizer e a viver assim: “Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gl. 2:20 NVI).
Quando a metanóia acontece, todo corpo passa a ser oferecido a Deus. Começa uma verdadeira luta por espiritualidade autêntica embasada na Palavra de Deus. Passa a não mais existir o “crente domingueiro”, mas o cristão de domingo a domingo. As ações passam para além do umbigo, ou seja, começa a refletir em todos que estejam em derredor. Isso só tem sentido quando o mundo ver em cada cristão o brilho da “luz” e o sabor do “sal”; afinal, Jesus afirmou que seus discípulos seriam “sal e luz” do mundo... para que este visse as “boas obras” de cada um e, com isso, passassem a glorificar ao Pai.
Como estão vivendo os cristãos dos dias atuais? Suas obras glorificam ao Pai? Os cultos são centrados na “CRUZ DE CRISTO” ou na vanglória humana? Que mensagem é transmitida ao ser humano sedento por salvação?
Que evangelho frívolo é esse que está sendo vivenciado no dia-a-dia dos cristãos? Que evangelho é esse onde o centro não é a CRUZ nem o Senhor da Cruz; mas, o homem.
Este espaço surgiu para fazer reflexões sobre o viver cristão hodierno. Metanóia é, portanto, mudança de mente! Mudança que molda o modo de viver e agir do cristão. Cristo e a Sua Cruz – tão somente – devem estar sob os holofotes. Ninguém mais.
Este é o princípio das dores! Que Deus nos abençoe.