terça-feira, 15 de outubro de 2013

ADÃO E EVA TIVERAM FILHOS NO ÉDEN?

Escrevi, pela graça de Deus, uma apostila sobre as “doutrinas bíblicas batistas”. O intuito foi, tão somente, subsidiar a EBD (Escola Bíblica Dominical) com material doutrinário no nível de estudo bíblico para irmãos simples e desejosos de “estudar a Bíblia” de forma condensada. A maior parte das lições está formatada em tópicos apenas. Tópicos para serem aprofundados e discutidos em classe de EBD. Portanto, não é material para teólogos ou estudantes de teologia. O aprofundamento, as convicções de minha fé, estão sendo trabalhadas com os irmãos... lá na EBD. 

Recebi censura pública de estar ensinando heresia. “Olha seu ponto de vista está errado, chega até ser uma heresia... (...) de bobagens teológicas que aparecem no face...” afirmou textualmente um colega de ministério. Em outras palavras, fui taxado de herege por afirmar e crer em duas coisas: a) que Adão e Eva não tiveram filhos antes do pecado da desobediência; b) crer na Onisciência e Onipotência de Deus e afirmar que, nessa Onisciência e Onipotência, Ele sabia que o primeiro casal ia pecar e, por isso, não permitiu que tivesse filhos no Éden. Graças a Deus estamos em um país onde ainda se pode discordar. Graças a Deus, milito e defendo uma denominação onde se pode discordar. Discordar... respeitando a hermenêutica alheia. Discordar e pesquisar... pois pode ser que minha certeza absoluta esteja errada.  Estou sempre aberto a aprender.  Todavia, por questão de ética, jamais discordarei de outro colega – afinal, moramos na mesma cidade – de forma pública. Fá-lo-ei em particular. É simples questão de ética. Afinal, reitero; minhas convicções podem estar erradas. E isso vale para os dois lados.  Então, quero esclarecer o que creio. 

Textualmente escrevi na apostila os seguintes tópicos: a) “O casal fora formado inocente. Quando os dois optaram pela desobediência... ambos perderam a inocência e perceberam a nudez (3:7). b) Deus na sua absoluta Onisciência e Onipotência... não permitiu que tivessem filhos antes do pecado. O pecado, se assim fosse, não os atingiria”.   Eis aí a minha “heresia” e a “bobagem teológica (...) do face”. 

Reitero que a Bíblia é, na sua íntegra, a inerrante Palavra de Deus. Nisto Creio. Mas, sempre vou respeitar interpretações hermenêuticas diferentes – afinal é o livre-arbítrio e a volição humana dadas pelo Criador -, mas, não posso deixar de defender bíblica, teológica, exegética e hermeneuticamente o que creio, embora esteja aberto a aprender sempre. Inclusive aprender que possa eu estar errado. 

Comecei a lição assim: “O pecado já estava presente no universo antes da queda de Adão e Eva. Satanás já o introduzira quando, no seu orgulho, quis ser igual a Deus. Por isso mesmo que ele foi o agente da tentação. A preocupação nesta lição é a origem do pecado na raça humana” (grifos meu).

Então, afirmei até aqui as seguintes verdades bíblicas: 1. O pecado já existia e estava presente antes do pecado de Adão e Eva. 2. O agente da tentação do primeiro casal foi satanás, pois, na verdade, foi ele que introduziu o pecado no cosmos. 3. O primeiro casal não teve filhos antes de serem expulsos do Éden. 4. Quando pecaram, reconheceram a nudez; perdendo a inocência. 5. Se o casal tivesse filhos antes do pecado, este não os atingiria. 6. Deus é Onisciente e Onipotente. 

Não vejo como alguém possa entender que essas afirmações não são bíblicas. Apenas má vontade. A questão é parte da afirmação: “(...) não permitiu que tivessem filhos antes do pecado. O pecado, se assim fosse, não os atingiria”. O nobre colega fez textualmente a seguinte afirmação: “Se fosse como está na sua lição seria assim a ordem divina: ‘Esperem pelo pecado e aí crescei e multiplicai”.

Bem, tal afirmação eu não fiz! Até porque estaria mentindo e o texto bíblico não diz isso. Bem, de qualquer forma a afirmação do nobre colega foi feita no pretérito imperfeito, há de se entender o porquê! Ora, se o pecado já penetrara no “Cosmos”... lá na eternidade, óbvio que o pecado já existia. E, sendo Satanás o provocador do pecado na esfera do Cosmos, ele – diz a Bíblia – foi o agente tentador de Eva e Adão.

Os capítulos 1 e 2 de Gênesis tratam da criação em geral e do ser humano em particular. O capítulo 3 trata do pecado do primeiro casal pelo agente Satanás. Ora, se o pecado não tivesse penetrado no Cosmos, como Satanás seria o agente? O capítulo termina com o casal sendo expulso do Éden e Deus coloca querubins e uma espada flamejante e movedora, impedindo que o casal chegasse à árvore da vida.  Interessante que o verso 22 diz textualmente: “Agora o homem se tornou como um de nós, conhecendo o bem e o mal. Não se deve, pois, permitir que ele tome também do fruto da árvore da vida e o coma, e viva para sempre” (NVI). Eu não posso dizer que o texto “dá a entender que o ser humano se tornou Deus”; pois o texto é específico “... o homem se tornou como um de nós...”.  Essa seria uma exegese barata e uma hermenêutica desprovida de sanidade, num profundo desconhecimento de regras básicas de interpretação. Da mesma forma foi o uso do pretérito imperfeito quando alguém diz: então “... seria assim a ordem divina: ‘Esperem pelo pecado e aí crescei e multiplicai”. Valha-me Deus!

Em qualquer momento, até a expulsão do Éden, encontra-se alguma informação ou afirmação sobre a existência de filhos.  Entretanto, no capítulo 4, a afirmação é clara sobre o relacionamento sexual do casal e o consequente nascimento dos filhos.  O fantástico teólogo (já falecido) e professor do Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil Antonio Neves de Mesquita (p. 113), em seu livro “Estudo no Livro de Gênesis” afirma: “Podemos notar, de passagem, que Adão e Eva não tiveram filhos antes da queda, bem como os filhos de Noé, que, sendo casados, só tiveram filhos depois do dilúvio (10:1)”. Evidentemente, eles tiveram filhos apenas após o pecado do primeiro casal. 

Outra afirmação de censura que recebi foi: “Mas, na colocação ‘não permitiu antes do pecado’ dá a entender que esse pecado já estava no plano de Deus e não estava”.  Vou repetir “ipsis literis” o que eu escrevi: “Deus na sua absoluta Onisciência e Onipotência... não permitiu que tivessem filhos antes do pecado. O pecado, se assim fosse, não os atingiria”. Qualquer pessoa bem intencionada e conhecedora de regras elementares de interpretação de texto na língua portuguesa – não estou falando de hermenêutica ou exegese – entende que a afirmação de que “dá a entender” não faz o menor sentido. A afirmação é categórica e “não dá a entender” nada além de que Deus é Onipotente e Onisciente. E como tal, sabia que o casal iria pecar. E, por isso mesmo, não permitiu o nascimento de filhos. Uma raça pecadora e uma raça incontaminada, vivendo juntas, são incompatíveis com qualquer teologia bíblica, por mais absurda que seja. 
Isso seria negar a Onisciência e Onipotência de Deus. E isso nada tem a ver com determinismo ou eleição, nem mesmo com a doutrina do lapsarianismo presbiteriano. Os batistas, desde sempre, entendem que “todos foram eleitos para a salvação” e esta fica condicionada a pessoal escolha (volição) de cada pessoa em aceitar, ou não, a Jesus Cristo como Senhor e Salvador. 

O Dr. R. N. Champlin em seu comentário “O Antigo Testamento Interpretado Versículo por Versículo (livro 7 – p. 4913) diz: “O Eterno Agora.  O conhecimento humano necessariamente acompanha a sucessão dos eventos, seguindo as relações entre as causas e seus efeitos. Deus, porém, vive fora do tempo e pode ver qualquer coisa do começo ao fim. Deus vive no ‘eterno agora’, e isso quer dizer que, no sentido estrito, para Ele não há passado, nem presente e nem futuro. A mente divina abrange tudo”. Negar que Deus não sabia que o ser humano iria pecar é negar a Onisciência e a Eternidade de Deus.  Para não ter duas raças – uma pecadora e outra inocente – Deus, na sua Onisciência e Onipotência assim procedeu.  Isso está muito longe do sentido de “dar a entender que esse pecado já estava nos planos de Deus” é absurdo.  Em suma, eu concordo totalmente com meu crítico, pois, de verdade, nem de longe creio que esse pecado já estava nos planos de Deus... todavia, Ele sabia que isso ia acontecer.  Na sua soberana e absoluta sabedoria tomou a decisão acertada. Por que?

Quero me aprofundar um pouco mais, depois dos esclarecimentos anteriores. Deus criou o homem e a mulher e ordenou que se multiplicassem. Fica evidente que eles poderiam ter filhos desde o começo. Eram fecundos e tinham a benção de Deus para o relacionamento sexual e a gravidez.  (Gn. 1:27-28). Todavia o Deus Onisciente e Onipotente sabia do que iria acontecer. Em Gn. 3:7 (NVI) leio: “Os olhos dos dois se abriram, e perceberam que estavam nus; então juntaram folhas de figueira para cobrir-se”. Veja a pergunta do Criador: “Quem lhe disse que você estava nu? Você comeu da árvore da qual lhe proibi comer (Gn. 3:11 NVI)? 

Ora, até o pecado eles não tinham qualquer consciência da nudez, eram inocentes. “Quem lhe disse?” Pergunta Deus. Obvio que o Onisciente Deus sabia o que tinha acontecido.  Mas, foi no instante do pecado de desobediência que tiveram a consciência de toda desgraça que arrumaram para si e seus futuros descendentes. Pode-se, inclusive, subentender-se que, embora fecundos e em condições de procriação, não tivessem ainda tido relações sexuais, pois eram inocentes. Isso não está claro no texto – e o contrário também não – mas, pode supor-se assim, sem cometer heresia. 

Uma análise mais profunda de todo o restante do texto de Gênesis 3, fará perceber que em todas as coisas, dali para frente, o autor bíblico inspirado pelo Espírito Santo, usa o tempo do verbo indicando o presente e o futuro, jamais o passado. Senão vejamos:

a. Multiplicarei grandemente tua dor... com dor darás à luz filhos. Aconteceria no presente e futuro. 
b. Maldita serás (serpente), andarás sobre o ventre, comerás pó. Aconteceria no presente e futuro. 
c. Porei inimizade entre ti e a mulher. Aconteceria no presente e futuro
d. Esta ferirá a cabeça. Aconteceria no presente e futuro. 
e. Tu lhe ferirás o calcanhar. Aconteceria no presente e futuro.
f. Com dor comerás dela todos os dias.  Aconteceria no presente e no futuro.
g. Espinhos e cardos te produzirá. Aconteceria no presente e no futuro.  
h. Do suor do teu rosto comerás. Aconteceria no presente e no futuro. 
i. E em pó te tornarás. Aconteceria no presente e no futuro. 
j. Deste ouvidos (...) e comeste da árvore. Única menção ao passado, ou seja, já consumado. 
Todas as conseqüências fazem menção ao presente e ao futuro. Deus está a dizer: De agora em diante estas coisas acontecerão, por causa da tua desobediência. Não antes... doravante!

Logo no capítulo seguinte, após a expulsão do jardim, já participando de todos os sofrimentos do pecado, Adão teve “relações com Eva” (primeira vez que isso é dito), e esta concebeu (Gn. 4:1).  

Apenas um parêntesis para esclarecer um ponto defendido por muitos estudiosos. É o caso do texto de Gênesis 3:16. Alguns estudiosos defendem que esse texto seria indicativo de que Eva já tivesse tido parto (sem dor) e que os próximos seriam com dor. Isso é improvável. Deus apenas diz que “multiplicaria” a dor do parto. Isso não implica em que ela já tivesse sentido as dores de parto, nem de que já tivesse filhos. Na descrição da expulsão não há qualquer menção a mais pessoas. Se eles tivessem tido filhos antes do pecado adâmico, não haveria a natural transmissão da herança do pecado de Adão e Eva a esses filhos. Um filho antes da entrada do pecado contradiz, a meu ver, as afirmações de Paulo em Romanos 5:12-18 e Rm. 3:23. Sem aprofundamento exegético, apenas a simples menção do que Paulo diz em Rm. 5:18 é suficiente: “... assim como uma só transgressão resultou na condenação de todos os homens, assim também um só ato de justiça resultou na justificação que traz vida a todos os homens. Ora, o pecado adâmico trouxe condenação para TODOS. É incoerência lingüística, teológica, bíblica, exegética e hermenêutica entender que alguém concebido antes do pecado recebesse, também, a condenação. 

Se Adão e Eva tivessem tido filhos antes do pecado, eles não seriam pecadores. Aí o problema seria enorme. Como explicar que uma linhagem de inocentes, sem conhecimento do bem e do mal poderia viver num mundo degenerado pelo pecado? Afinal, eles nada tinham a ver com esse tipo de mundo. Aliás, existe por aí uma teoria teológica de que existem duas linhagens de humanos: uma de pessoas pecadoras e outras de pessoas sem pecado. Ora, por obviedade natural, Deus não precisaria ter enviado Seu Filho para morrer pelos pecadores. Apenas precisaria ter usado um dos descendentes dessa linhagem dos “sem pecado” para que fosse o “Cordeiro sem pecado”.

Jesus, concebido pelo Espírito Santo de Deus, veio da linhagem de Sete (por meio de Maria), o filho que Adão e Eva tiveram após a morte de Abel. Analisando a linhagem de Sete, sem dúvida, eles eram igualmente pecadores. É o caso de Davi, Salomão e todos os outros.

Uma simples pergunta: Por qual motivo Deus tiraria os filhos do primeiro casal do Éden, concebidos antes do pecado dos seus pais? Se isso acontecesse, eles seriam absolutamente estranhos no mundo condenado pelo pecado, já que não teriam consciência do bem e do mal e, ainda, estariam no seu estado de inocência. Se, contrariamente a isso, eles permaneceram no Jardim, não estariam lá até hoje? Afinal, a proibição de comer da árvore da vida foi específica ao casal (Gn. 3:22).

O Dr. Luiz Sayão, pastor batista, teólogo e responsável direto pela tradução NVI da Bíblia, respondendo a perguntas em um programa da rádio Transmundial sobre a questão dos filhos do primeiro casal antes do pecado afirmou: “A Bíblia não menciona o nascimento de nenhum filho. Se Adão e Eva tiveram filhos antes do pecado, se esperaria que isso fosse mencionado no texto bíblico”, e continua argumentando que seria estranho que o primeiro bebê da história humana não fosse mencionado na Bíblia. 

Quero, ainda, citar mais um texto bíblico: Ezequiel 18.1-2; 14-18. Deus cobra o pecado do pai no filho? O verso 18 é categórico: “Ele não morrerá por causa da iniqüidade do seu pai; certamente viverá”. Se a Bíblia não se contradiz, e nisso eu creio piamente; se Adão e Eva tiveram filhos no Éden, antes do pecado de desobediência, estes eram perfeitos, inocentes e, na suas integralidades de criação divina, “imagem e semelhança” de Deus. Relembro ainda Romanos 5:12: “Portanto, da mesma forma como o pecado entrou no mundo por um homem (Adão, grifo meu), e pelo pecado a morte, assim também a morte veio a todos os homens (grifo meu), porque todos (grifo meu) pecaram. 

Supondo que Adão e Eva tivessem filhos antes do pecado, estes não pecaram e, portanto, não caíram juntos com os seus pais. Assim, continuaram dentro da vontade inicial de Deus.
Problema: Na hipótese dos filhos terem existido antes do pecado adâmico, existiriam duas descendências: uma pecadora (Adão e Eva) e seus descendentes pós-pecado; e outra sem pecado. Como ficaria o apóstolo Paulo com a afirmação de Romanos 3:23 e 5:18.

Para encerrar, aí vão alguns textos bíblicos sobre a verdade absoluta de que Deus conhece tudo, todos e sempre na sua Onisciência, Eternidade e Onipotência: Salmo 139; Jeremias 23:24; Gênesis 21:33; Salmo 90:2; Habacuque 1:12; Romanos 1:20.

Deus não é limitado pela falta de conhecimento. O Conhecimento que Deus tem, faz parte de Sua própria natureza e não é adquirida. Portanto, seu conhecimento é completo e absoluto, estendendo-se para o passado e o para o futuro sem fim (Romanos 11:33-36; Jó 11:7-8; Isaías 40:28; Salmo 147:5).

Também não é limitado pela falta de espaço. É muito mais que estar em todos os lugares ao mesmo tempo, porque Deus é todos os lugares. Ele está inteiramente, e não apenas parcialmente, em todos os lugares e em todos os tempos (eternidade). Assim, obrigatoriamente, a Onipresença está ligada diretamente à Onisciência. O conhecimento que Deus tem faz parte da Sua natureza e envolve a presença de Deus consciente em todos os lugares e em todo tempo. 

Limitar o conhecimento de Deus na criação, fazendo conjecturas de que Deus não conhecia o que iria acontecer com Adão e Eva, após Satanás ter tentado ser igual a Deus e ser expulso do céu, passando a ter o seu domínio por aqui, é duvidar da Onisciência, Onipotência e Eternidade de Deus. 

Confundir o conhecimento Onisciente e Eterno de Deus sobre o pecado, com um suposto “plano de Deus” para que o homem pecasse é absolutamente imoral. De qualquer forma, o que faltou, foi interpretar corretamente o que coloquei na lição da EBD. Creio piamente, que estamos do mesmo lado. O da verdade da Bíblia, a inerrante Palavra de Deus.  Uma coisa sei... não sou e nunca serei herege. Posso até, interpretar equivocadamente alguma coisa... herege, jamais! Amém. 





sexta-feira, 11 de outubro de 2013

DE LEVITAS, DE MÚSICA GOSPEL E ESQUISITICES EVANGÉLICAS! (Parte I)

Este articulista é pastor batista faz trinta e dois anos. Nos últimos anos tem se tornado prática a denominação de “Levita” àqueles que “comandam” o “louvor” na igreja.  Também a moda pegou entre inúmeros “cantores” e “grupos musicais” da “música gospel”. O foco principal está nas igrejas neopentecostais e pentecostais; entretanto, a moda chegou, também, às igrejas históricas. Alguns até se intitulam “sacerdotes”, sem qualquer conhecimento do que isso signifique. Tenho, constantemente, ouvido que tais ministrantes da música são “Levitas do Senhor”. Há demasiada facilidade em judaizar o evangelho, num retrocesso teológico estapafúrdio em detrimento do Novo Testamento e seus ensinos onde o cerne é o amor, a graça e a cruz de Jesus Cristo. 
Após profunda meditação, resolvi fazer algumas observações sobre o assunto.  Sei que corro o risco de ser execrado pelos “irmãos levitas” modernos. Mas, não posso deixar de escrever sobre aquilo que está na Palavra de Deus. Não posso deixar de tentar esclarecer a falta de conhecimento e estudo da Bíblia. 
Pra início de conversa esclareço que não há em mim qualquer tentativa de crítica pela crítica, nem ofensa a quem quer que seja.  Lembro que os rabinos-sacerdotes-fariseus-saduceus judaicos dos dias de Cristo eram profundos conhecedores da “Palavra”: leis mosaicas, escritos, salmos e profetas. E, justamente estes, foram os maiores enfrentamentos de Cristo. Conheciam... mas, não sabiam. Conheciam... mas, não viviam. O que importava a eles era o que “achavam certo”; por interesses próprios, pelo poder da titulação sacerdotal e outros motivos escusos. 
Também aqui, o assunto não é salvação. Ninguém está julgando a salvação de qualquer “levita moderno”. Por certo, muitos saíram do mundo do pecado, da prostituição, do homossexualismo, do crime, da corrupção e, agora, estão nas igrejas. Muitos servindo a Cristo de verdade... outros, se aproveitando da ingenuidade ou má vontade de líderes que apenas querem se locupletar da posição, e ou, benesses financeiras. 
Não estou aqui afirmando que “se vai pro inferno” por ser “levita moderno”! Creio integralmente na Bíblia como a Palavra de Deus! Sei que há diferentes formas exteriores de adoração, de louvor, de ministração, de motivação.  Sei, também, que Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e eternamente (Hb. 13:8).  Só quero lembrar que ser pastor, apóstolo, bispo, sacerdote, levita, ou seja lá o que for, não é garantia de salvação, nem de vida aos pés de Cristo. Peço a você que leia atentamente o que disse o próprio Jesus em Mateus 7:21-23. 
Então, como amante da Palavra e da Vontade de Deus e, na certeza de que é minha obrigação como “arauto” das verdades bíblicas, tentar esclarecer usos inadequados de ministérios e que tais, vou entrar por esses meandros e, muitas vezes, ínvios caminhos. Não há o que se contestar do agir de Deus... entretanto, tudo o que Deus quis revelar aos homens, fê-lo através de Sua Palavra, a Bíblia. Nada mais deve ser acrescido. Tudo que se precisa saber e fazer, lá está contido. É a ela que precisamos nos ater e não a esquisitices modernas ou retrocessos ao Velho Testamento. Os verdadeiramente salvos se importam com a verdade da Palavra e não a “ensinamentos de homens”. 
Começo aqui, pois, uma série de artigos sobre o assunto. Não tenho a petulância de querer fechar questão, nem mesmo de convencer alguém. É apenas uma pena que escreve em prol daquilo que ensina a Bíblia. Creio que a pureza desta precisa ser preservada. O assunto é longo. Quero tratá-lo à luz da Bíblia. Por isso, volte ao blog até que todo estudo esteja concluído... embora, sempre estará inconcluso. Afinal, a Bíblia é uma fonte inesgotável, justamente por ser a infalível Palavra de Deus. 
Ouvi, dia desses, um líder dizer que tivera uma revelação de Deus sobre costumes judaizantes. Isso é desmerecer grandemente a graça de Deus e tudo aquilo que Jesus fez. “Pois todos os Profetas e a Lei profetizaram até João” (Mateus 11:13 NVI). O Novo Testamento interpreta o Velho, para o cristão. Não o inverso. Paulo combateu grandemente isso. Ele enfatiza com grande clareza a “Lei do Espírito e da Vida” em Cristo. Vou começar pela “música gospel” até chegar aos levitas. 
O GOSPEL E SUAS ORIGENS. O termo “Gospel” tem sua derivação do inglês antigo “God-spell” que, significa “boas novas”. Óbvio que traz a alusão ao “evangelho bíblico” que é “as boas novas” de salvação por meio de Jesus Cristo. O estudante bíblico sabe que o Novo Testamento foi escrito em grego koinê. Evangelho, do grego “euangelion” literalmente vertido para o inglês é eu (good) + angelion (message) que em português traduz-se “boa mensagem”. O grego clássico nos informa que “angelion” fazia referência a gorgeta que era entregue ao mensageiro/portador de uma “eu” (boa) mensagem (antigo correio). Nos dias de Cristo a palavra foi cunhada como “boa mensagem”. Portanto, o termo faz referência a literatura cristã antiga, como “boa mensagem”.
Marcos foi o primeiro evangelho a ser escrito. Entretanto, antes dele Paulo, o apóstolo verdadeiro, usou o termo “euangelion” em I Coríntios 15:1 ao dizer “... o evangelho que lhes preguei...”. No verso seguinte Paulo assevera que a salvação deles deu-se pelo “euangelion”. No século II da era cristã o bispo Justino Mártir em seu escrito “1 Apologia LXVI” (por volta do ano 155) asseverou: “... os Apóstolos, nas suas memórias escritas por eles, as quais são chamadas de Evangelhos”. 
““ Euangelion” na LXX (septuaginta, grifo meu) ocorre somente no plural, e talvez somente no sentido clássico de uma recompensa pelas boas notícias” (II Sm. 4:10; 18:20,22,25-27). No Novo Testamento o termo aparece apropriadamente às circunstâncias das boas novas Messiânicas (Mc. 1:1, 14), provavelmente derivando este novo significado do uso euangelionem (Is. 40:9; 52:7; 60:6 e 61:1)” (Henry Barckay Swete, Introdução ao Velho Testamento. p. 456-57).
No Novo Testamento “evangelho” indica a proclamação da salvação de Deus por meio de Seu Filho Jesus, ou seja, pela mensagem do “ágape” proclamada por Jesus. Este é o sentido original no Novo Testamento e continua a ser usada ainda hoje.  Portanto, “gospel”, em última instância é “boa mensagem ou boa nova”. 
A MÚSICA GOSPEL E SUA RAIZ. Açambarcando vários estilos e nomes variados, a “música gospel” vem, na sua essência, da mesma raiz: a música cristã negra da América do Norte. Isso remete à lembrança do estilo fantástico do “negro spiritual”, com letras fantásticas e melodia sentida, sofrida e que imprimia uma espécie de catarse do sofrimento da escravatura e da libertação em Cristo. A consequência foi a proliferação de lindos corais e conjuntos no seio da igreja Afro-americana que foi exportado para a igreja cristã em todo mundo, dada sua beleza e profundidade. 
A influência foi tão grande que a indústria milionária da música americana extrapolou da sua intenção genuína inicial, para uma preocupação quase única de “ganhar dinheiro”. Recebendo o rótulo de “gospel”, a música atingiu todas as camadas, principalmente as mais populares e continua a crescer vertiginosamente, sob os auspícios de um marketing muito bem feito. Entre os anos de 2003 até 2008, sete grandes gravadoras formataram divisões específicas e especiais para produzir a tal de “música gospel”. O que menos importava era a qualidade teológica e a fidelidade à sã doutrina; mas sim, o vender bem. Fora isso, as produções independentes praticamente duplicaram. A vendagem da “música gospel” simplesmente triplicou: foi de 180 milhões de dólares para 500 milhões em menos de dez anos. Essas informações são da revista Gospel Today. Boa parte das letras é escrita por gente que nunca leu a Bíblia.  
Segundo a Wikipédia, Thomas A. Dorsey (1899-1993) é tido, por muitos, como o “pai da música gospel”. Ele foi importantíssimo pianista de Blues, conhecido artisticamente como Geórgia Tom. No site http://www.georgiaencyclopedia.org/nge/Article.jsp?id=h-1603; Ian Hill, da Universidade da Geórgia dá detalhes sobre o pianista, escrevendo textualmente: "Geórgia Tom" Dorsey, primeiro ganhou reconhecimento como um pianista de blues na década de 1920 e, mais tarde, se tornou conhecido como o “pai da música gospel” para o seu papel no desenvolvimento, publicação e promover o blues gospel”.
Dorsey era filho de um pregador itinerante e, desde cedo, foi exposto à música cristã de formato emocional. Sua mãe era respeitada organista. Por isso, Dorsey aprendeu a tocar bem cedo na vida. Com nove anos a família mudou-se para Atlanta, onde foi exposto à música secular e absorveu performances musicais famosas, tendo aprendido com pianistas famosos. Foi apenas um passo para tocar em teatros e bordéis e festas profanas em Atlanta, onde ganhou apelido de "Barrel House Tom", por óbvias razões. 
Mudou-se para Chicago já com 17 anos (1916) e, quatro anos depois, publica sua primeira composição. Era a década de 1920 e ele ganha fama com a música “blues”. Em 1921 Dorsey retoma a música religiosa influenciado por W.M. Nix, que ouviu cantar na Convenção Batista Nacional. Em 1922 registrou sua primeira peça religiosa e, com isso, tornou-se diretor de música da Igreja Batista New Hope.  Foi aí que ele fundiu a música sacra com sua técnica de “blues”, tornando-se o “pai da música evangélica blues”. Todavia, a necessidade de dinheiro afastou-o novamente da música “gospel”.
DORSEY E A MÚSICA GOSPEL. No final da década de 1920 ele ganha popularidade na comunidade religiosa após Willie Mae Ford Smith ter cantado “Se você ver meu Salvador”, dele; na Convenção Batista Nacional. Em 1931 foi contratado para organizar um coral na Ebenezer Baptist Church em Chicago. Um ano depois foi contratado pela segunda maior igreja de Chicago: Pilgrim Baptist. No mesmo ano Dorsey organizou e dirigiu grande performance para três corais de “blues gospel”. Isso lhe rendeu a fundação da Convenção Nacional de Coros Evangélicos da qual ele foi presidente até sua aposentadoria em 1983.
Sua esposa, Nettie Harper, morreu em 1932 durante o parto. Seu filho morreu no dia seguinte. Isso o inspirou a escrever “Take My Hand, Precious Lord (Segure Minha Mão, Precioso Senhor)”, sua mais famosa peça musical e a primeira canção religiosa a espelhar, liricamente, a emoção pessoal em suas composições de “blues gospel”. Essa música teve influência decisiva na vida de Dorsey. Quando Martin Luther King foi assassinado em 1968, a cantora Mahalia Jackson foi convidada a cantar e entoou essa música de Dorsey. Foi o marketing e a explosão que precisava a “música gospel”. 
Nos anos 1930 e 1940, Dorsey fez célebres parcerias com Mahalia Jackson, Della Reese e Ward Clara, mostrando ao mundo o trabalho “gospel” de Dorsey e, por isso, foi cunhado como “pai da música gospel”.
Continuo a reflexão no próximo número, se Deus assim o permitir. 

domingo, 2 de junho de 2013

DE TUMORES, DE RATOS... E DO EVANGELHO FALSIFICADO!

Pode parecer que o título acima seja inadequado para um artigo teológico. O que é que Deus tem a ver com tumores e ratos? Bem... antes de continuar a leitura deste texto vá até a Bíblia. Sim, aquela que está esquecida em uma prateleira. Aquela que quase não é lida. Eu posso esperar... vá, pegue-a. Agora abra em I Samuel 6:1-9. Leia com atenção. Já fez isso? Bom, muito bom.  Mas, não basta. Antes de continuar a leitura deste artigo, por favor, leia agora os capítulos 4 e 5 de I Samuel para entender o que foi que aconteceu.  Leu? Que Deus o abençoe. Agora pode continuar a ler este artigo. Não leu? Não quer ler? Então, por favor, não continue a ler este.   Bem, se você está a ler agora, significa que leu o texto bíblico.  Então, em frente!

Israel saiu à guerra contra os filisteus. O pecado grassava nas hostes israelitas. A desobediência era latente. Deus havia sido deixado de lado.  A religião era puramente de aparência e hipócrita. Apenas um amuleto esperando as benesses de Deus. Religião de aparência! No primeiro enfrentamento quatro mil mortes (4:1-11). Logo vem a interrogação: Por que nos derrotou o Senhor? Pergunta hipócrita de uma religiosidade hipócrita de uma religião de aparência. Ora, Israel sabia que todas as suas derrotas eram conseqüências da quebra das Leis de Deus. Já deviam ter aprendido isso.

Foi aí que surgiu a genial ideia: Vamos levar a Arca da Aliança. Pensaram que Deus se veria obrigado a salvá-los por amor à Arca. A “Arca da Aliança” foi utilizada como amuleto. Israel fez da Arca um talismã, um fetiche. Acreditava mais na aparência do que no Deus da Aliança.  Assim fazem muitos hoje. Acham que por apenas lerem a Bíblia, ou carregá-la, ou “assistir” aos cultos, ou serem dizimistas que Deus se vê obrigado a dar vitória.  Ledo engano de uma religião de aparência. O resultado foi uma cruel derrota para os filisteus e a morte de trinta mil soldados.

Muito pior foi que a Arca foi roubada pelos Filisteus. Depositaram-na no templo do seu deus Dagom. A ARCA era símbolo da presença de Deus. Era, para os Israelitas, a garantia da morada de Deus com eles. Todavia, não entendiam, ou não queriam entender, que a Arca era símbolo da presença e não a presença. A presença de Deus dependeria de que o povo andasse na verdade e compromissados com Ele... não metidos com ídolos pagãos. A segurança estava na certeza de que Deus estaria satisfeito com as ações desse povo.

Da mesma forma, a segurança de que Deus anda e protege o Seu povo hoje está no fato de Ele estar satisfeito com Seus filhos e não no fato de haver uma “igreja” bonita, um “púlpito” eloqüente ou um povo que “faz barulho” em nome de Deus; nem mesmo que participe da “marcha para Jesus” que, hoje é tudo... menos Marcha para Jesus. Fidelidade é tudo. Os “crentes” hebreus não resistiram à influência da idolatria; assim como os “crentes” hodiernos não resistem à influência do meio social e cultural em que vivem. A maioria dos cristãos dos dias atuais tem ídolos: cantores “gospel” (nem sabe o que isso significa); artistas da TV; jogadores do seu esporte preferido; figuras políticas e, o que é pior, seus líderes “espirituais” (pastores, bispos, apóstolos (sic) e quejandos).  Andam por caminhos ínvios... não pelos caminhos da cruz de Cristo.

Por confiarem no “poder da Arca”, símbolo da presença de Deus, os israelitas sofreram retumbante derrota. A vergonha foi ainda maior. A derrota de Israel era a derrota do seu Deus, face a Dagom, o  “deus” filisteu. A igreja, o templo, a Bíblia, o líder, como amuletos; de nada valem na hora cruel dos ataques satânicos. Fidelidade pessoal a Deus é tudo que importa. E isso é pessoal.

Que lição preciosa Deus estava dando ao Seu povo Israel. Que lições Deus continua a dar àquele que se diz Seu povo hoje.  Pena que, quase sempre, a Bíblia é lida de forma superficial. Não se “nada mais em águas profundas”. A superficialidade grassa.  Mas, se Deus estava dando preciosa lição para Israel e posteridade cristã... também a daria aos agressores de Israel e do próprio Deus. Com Deus não se brinca. Dele não se zomba.  Aparentemente o Deus dos israelitas estava aprisionado, derrotado. A Arca, símbolo da Sua presença santa fora levada cativa.

A Arca é instalada dentro do templo de Dagom, ao lado da estátua deste (5:1-5). No dia seguinte a Arca está no mesmo lugar, mas a estátua de Dagom está estatelada com a “cara no chão”, diante da Arca do Senhor! Deus não suporta a idolatria. Só Ele é Deus. “Não terás outros deuses além de mim” (Êxodo 20:3 NVI). Dagom foi levantado e colocado no seu lugar. Dia seguinte Dagom foi encontrado, novamente, caído por terra. Desta feita com cabeça e mãos quebradas... corpo, cabeça, mãos, todos prostrados diante da Arca do Senhor. Jeová, e tão somente Ele, é Deus! E ponto final!

Deus começou demonstrando quem é o verdadeiro Senhor. Arrasou o “deus” filisteu, despedaçando-o em sua própria casa. Por pressão, a Arca peregrina por cinco cidades dos filisteus. O texto bíblico informa que, por onde a Arca passava, a população sofria com tumores e, possivelmente, peste bubônica, oriunda de ratos em excesso que surgiram ao passar do precioso símbolo da presença do Deus de Israel. A Arca, símbolo de proteção e bênção divina para Israel, transforma-se em maldição e doença para o agressor. Apenas o símbolo da presença de Deus, transformou-se em horror para toda uma nação. Com Deus não se brinca. E, a maioria dos cristãos modernos, continua “brincando” de ser “filhos de Deus”.

Há quem não suporte a presença de Deus. Ele é santo. Santidade não combina com pecado, com hipocrisia, com religião de aparência.  Por isso, os sacerdotes de Dagom deram “sábio” conselho: devolvam a Arca. Mas resolveram tentar “enganar” a Deus. Como se isso fosse possível. A devolução deve ser acrescida de presentes. Um carro novo dotado de um cofre com cinco tumores de ouro puro e mais cinco ratos, também de ouro. Achavam que o que Deus queria eram ofertas, oferendas de valor. Ledo engano. Deus é o dono de tudo, inclusive do ouro e da prata. Deus não precisa de presentes. O que Ele quer – e sempre foi assim – é a fidelidade dos seus filhos. O que Ele quer é o coração, o desejo, a vontade; para que seja servido... por amor (Provérbios 23:26). E toda Sua vontade está exarada na Sua Palavra, a Bíblia. E em nenhum outro lugar. Não está nas profecias (ou profetadas) modernas; nem nas “revelações” satânicas (é isso mesmo, satânicas) sem qualquer respaldo bíblico. Toda vontade de Deus está revelada na Bíblia.

Não posso deixar de fazer aqui, algumas reflexões importantes, diante do descalabro teológico que tenho visto grassar igrejas e “tevês” afora. Não tenho qualquer intenção de agradar quem quer que seja. Só quero agradar ao meu Deus.  Infelizmente a igreja cristã moderna, na sua maioria, está descaracterizada. Há a urgência de uma reforma por dentro. Algumas lições sobre o texto em apreço são necessárias.

Os sacerdotes (religiosos) filisteus devolveram a Arca sobre “carros novos”.  Não é isso que tem acontecido com a maioria dos “religiosos” (sic) conhecidos? Por acaso o “evangelho” que é transmitido não é feito sobre “carros novos”? Deus instruíra a Israel como devia ser carregada a Arca. Tinha que ir sobre os ombros e ombros especiais: dos levitas, separados especialmente para essa missão. Nunca sobre “carros novos”. Deus não aceita acréscimos ao Evangelho de Jesus. O Evangelho não pode ser falsificado, adulterado, envenenado. Deus não aceita o “carro novo” de inovações humanas. Jesus - e o Seu Evangelho -, é o mesmo ontem, hoje e eternamente (Hebreus 13:8).

O Evangelho “carro novo” tem conduzido milhares pela “porta larga” da perdição, da catarse emocional, do barulho, do prazer, da riqueza, da felicidade nas coisas materiais. Foi o próprio Senhor Jesus – não o do carro novo – quem disse: “... e quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim” (Mateus 10:38 NVI). Leia também Mateus 16:24-28). Com Deus não existe barganha. Hoje as pessoas não renunciam a si mesmas. Lamentável!

Mas a genialidade dos sacerdotes (religiosos) filisteus vai ainda mais longe. Não bastava carro novo. Era preciso um cofre seguro; afinal, ninguém podia roubar. Dentro dele dez peças de ouro puro: cinco réplicas de tumores e cinco réplicas de ratos... tudo de ouro. Coisas esdrúxulas, estranhas, nauseabundas.  Para que Deus quereria isso? Isso é falta de conhecimento de Deus.

Mas, pergunto: o que vejo no “evangelho” pregado hoje? O que é que vejo na televisão? O que vejo nos “louvorzões”? O que vejo nos “encontros com Deus”? O que vejo nas “marchas para Jesus”? O que vejo nos programas “gospel”? O que vejo na maioria das mensagens pregadas nos púlpitos modernos? Meu Deus... o que é que vejo? Vejo coisas estranhas, esdrúxulas! Vejo tumores e ratos por todo lado. E o pior de tudo é que esses programas, mensagens e cultos “tumores” e “ratos” parecem que estão conduzindo a Arca... como se Deus estivesse ali.  E não está!

O que tenho visto por aí? Bem, basta querer ver. Dia desses um “bispo” diz ter ido “em espírito” até os céus. Lá, teria falado com Cristo que ordenou que o “dito cujo” pegasse uma grande vasilha com óleo e dentro gotejou um pouco do seu sangue! Pasmem! Agora, vidrinhos desse óleo contendo o sangue de Cristo seriam distribuídos aos “fiéis”. Lógico que era contra o deixar de “uma oferta voluntária”.  Aqui em Porto Velho, um determinado “bispo” de uma dessas igrejas televisivas embasado na “sua Bíblia” anunciou semana inteira que entraria, no domingo seguinte, no tanque (batistério) da sua igreja e “agitaria” as águas como fazia o anjo no tanque de Betesda (João 5). Afirmou ainda, como se Deus fosse, que todos aqueles que entrassem no tanque que ele (o bispo) tivesse entrado e agitado as águas, também seriam curados e teriam seus problemas resolvidos. Lógico que o preço seria uma “oferta voluntária” também.

Apóstolos há – e todos sabemos disso – que vendem toalhinhas com o suor do “deus apóstolo”. Há os vidrinhos com água do Rio Jordão. Há as lascas da Arca de Noé. Há as ofertas correspondentes aos anos da vida da pessoa, em troca de promessa de prosperidade. Há a meia do apóstolo. Há o perfume consagrado na gruta abençoada. Há as sessões de descarrego com o pisar do sal grosso ungido (muito comum aqui em Porto Velho). A lista de aberrações teológicas e demoníacas prossegue interminável: rosa ungida; lenço da cura; Leão de Judá Cola, o refrigerante; travesseiros abençoados; roupas dos parentes doentes para serem ungidas; fotografias para descarrego; problemas escritos em papéis para serem cravados na cruz ungida dentro do templo. Ufaaaaaaaa! Melhor parar por aqui, pois ainda há muitos e dantescos “tumores” e “ratos” para tentar enganar a Deus e ao povo incauto. Deus vai pedir contas de tanto demonismo em nome de Jesus. Hoje até já existem humanos religiosos que se intitularam “querubins”.

Essas coisas todas são amuletos.  Tornam-se idolatria. Deus não admite isso. Deus não precisa de coisas esdrúxulas.  O evangelho de Cristo é simples, direto, objetivo e transformador. É uma questão de fidelidade.  A fé verdadeira não precisa de muletas. A leitura atenta do capítulo 7 de I Samuel vai informar que o povo de Israel “buscou ao Senhor com súplicas (vs. 2)” e foi instado por Samuel a “voltar-se para o Senhor de todo coração, livrem-se então dos deuses estrangeiros e as imagens (...) consagrem-se ao Senhor e prestem culto somente a Ele, e Ele os libertará... (vs. 3)”. A seguir fizeram o que Deus queria. “Naquele dia jejuaram e ali disseram: ‘Temos pecado contra o Senhor’”.  A sequência do texto vai mostrar que “houve paz em Israel” (vs. 14).

Todas essas muletas que o “evangelho” falsificado tem provido por meio de liderança religiosa utópica, quimérica, hipócrita, mentirosa e de aparência não passam de “tumores” e “ratos” que não agradam a Deus. Apenas trazem, a seu tempo, maldição. É pecado e leva multidões ao inferno, juntamente com seus líderes religiosos que se enriquecem para a vida nababesca deste mundo. Lá diante do Senhor, no grande dia dirão: “Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios e não realizamos muitos milagres? Então eu lhe direi claramente: Nunca os conheci. Afastem-se de mim vocês que praticam o mal” (Mateus 7:22-23 NVI).

Com profunda tristeza o que se vê é o evangelho simples de Jesus ser vilipendiado nos arraiais chamados evangélicos. Só têm sobejado os tumores e os ratos... de todas as etiologias.
Vou encerrar esta reflexão reproduzindo parte de um pequeno escrito colhido no facebook do meu amigo particular, irmão em Cristo, servo de Deus e pastor, desses poucos de boa cepa espiritual que ainda existem hoje, Pr. Jease Costa de Moraes. Ele escreveu: “Deus chora ao ver o nome do evangelho ser enxovalhado por supostos pastores, levitas que somente querem elevar os seus próprios nomes e fazer da palavra de Deus um meio de enriquecer, mas esquecem que um dia o Rei os chamará para que lhe prestem contas e aí gritem, chorem que ninguém os salvará, pois Ele não terá misericórdia destes”.

Evangelho verdadeiro não precisa de “tumores”, nem de “ratos” de ouro. Precisa de homens e mulheres transformados e compromissados com Jesus Cristo. Tenho dito. Que Deus a todos abençoe ricamente. Amém!

domingo, 12 de maio de 2013

AMOR DE MÃE: A DIMENSÃO HUMANA DO AMOR DE DEUS.


Presto aqui minha homenagem às mães. Todas elas... mas, principalmente àquelas que um dia sentiram o amor de Deus, aceitando-O como Senhor e Salvador e, consequentemente, tornando-se “filhas” (João 1:12). Minha mãe ainda vive. Tem 85 anos. Infelizmente ela não mais reconhece seus filhos, tomada por doença que, aos poucos, foi tirando sua capacidade de saber quem é e de saber quem são os outros. Mas, ela sempre foi inspiração. Mãe abnegada e amada por todos à sua volta. Foram seis filhos. Esposa exemplar... mesmo nos momentos mais difíceis pelos quais passou. Tenho duas filhas: Jane e Junia, e um filho também, o Arthur. Ambas mães. Cada uma deu-me dois netos. Lindos! Parabéns às filhas e mães exemplares. Que Deus as abençoe ricamente. Minha homenagem especial a Jacira. Mãe, amiga, companheira de todas as horas. 

Que relação há entre esse amor de mãe e o amor de Deus? Qual a relação entre um amor e outro amor? Amor tem diferença? Quais? Amar é verbo. Verbo indica ação. Fácil é dizer “eu te amo”, mas difícil é praticar esse verbo. Porque o amor é substantivo. Amar, quase sempre, é filho da emoção, portanto, abstrato. Amor é concreto.  Como pode alguém dizer que ama e não demonstrá-lo na prática, já que é ação? O amar é por o amor em ação. Tem que ser demonstrado... na prática.

Então, o que é o amor de mãe? Algumas perguntas me inquietam desde sempre. Por que a mãe ama tanto seu bebê recém-nascido, é uma delas?  Sei que essa é uma pergunta idiota, mas ela me inquieta. Da mesma forma a mesma pergunta vale para o amor de Deus: por que Ele me amou e me ama tanto? Bem, na verdade não entendo muito; todavia sei que a resposta mais plausível é: Deus me ama porque Ele me ama. Afinal, Ele é amor (I João 4:8). A mãe, na medida humana, ama seu bebê, simplesmente porque ama! Senão for simplesmente por amor... eu não posso entender.

Durante vários meses aquele “ser” foi crescendo dentro do seu ventre. Durante bons meses trouxe à mamãe muito sofrimento.  Em muitas ele deixou uma série de espinhas que tornaram feio o rosto sereno de mãe. Em todas elas fez que tivesse um lindo “andar de pata choca”. Foi por causa desse ser ainda informe que a mamãe teve os mais tresloucados desejos. No meio da noite queria manga verde, chocolate de determinada marca, pão doce, banana, uva, torrada, sucos estranhos... ufa! Quase todos devolvidos pela natureza ao raiar do dia... ou logo após ter ingerido.

Além disso, o pequeno infante no ventre a chutou por vários meses... de dentro para fora. No começo até parecia cócegas... depois, eles ficaram violentos. Até pareciam chutes de alguém com muita raiva, querendo sair da sua gostosa prisão uterina. Afinal, ele estava ocupando um espaço que não era seu e, também, comendo alimentos que nem sabia preparar. Pra dizer a verdade, aquele bebê não passava de um chato a judiar da mamãe, além da conta.

Que amor é esse? Com tanta chatice a mamãe, ainda assim, o mantinha aquecido, seguro e alimentado. Será que, em algum momento, ele – o bebê – agradeceu? Não, nenhum deles jamais fez isso. Assim que ele saiu do útero da mãe, a primeira coisa que fez foi reclamar... e muito! Chorou e chorou convulsivamente. Era uma solene reclamação, afinal, saíra do seu aconchego gostoso dos últimos meses. Aliás, ele nem disse que estava chegando. Certo dia resolveu que sairia e, simplesmente, saiu. Chegou! E que chegada fantástica.  Aquele ser indefeso fez da mamãe um verdadeiro animal selvagem. Lembra-se mamãe? Quando ele resolveu sair, não pediu licença, nem preparou o caminho. Ele forçou a barra. Então você mamãe gritou, praguejo, cerrou os dentes e rasgou lençóis e travesseiros à mão. Suas costas ficaram doloridas, sua cabeça latejante e seu corpo encharcado de suor. Seus músculos estavam retorcidos e você prostrada. Por que fez tudo isso, mamãe? Não deveria estar muito brava? Não, você não estava brava. Por que não? Por amor, simplesmente.

Após aquele choro tresloucado ao nascer, ele se aquietou no colo da mãe e sugou seu peito com sofreguidão. Olhou em volta e começou a pensar: este quarto está muito frio... é diferente do meu quarto original. Esse cobertor é pesado, tira o meu movimento; além disso, é muito áspero. Ainda por cima tem esse cara barbudo que me pega e fica fazendo caretas como se eu fosse idiota. Aí o bebê apronta o maior choro novamente.

Nesse momento você mamãe, cansada, dorida, exausta, com sono e fome deveria estar muito, muito brava. Longe disso! Apesar de tanto sofrimento, seu rosto e mãos demonstram amor. Amor além da eternidade. Você sabe que seu bebê nada fez por você... mas, ainda assim o ama. Você sabe que não mais terá noites de sono reparador. Sabe que acordará muito cedo todas as manhãs... mas, ainda assim o ama. Você se lembra de todo sofrimento que trouxe ao seu corpo e de todas as manhãs cheias de náuseas... mas, ainda assim o ama. Ele é o seu tesouro, a herança do Senhor (Salmo 127:3).

Após o parto e em pleno choro convulsivo, ele é levado até você. O rosto do seu bebê está enrugado... até se parece com um joelho, de tão inchado e feio.  Todavia, você só sabe dizer que ele é lindo, que é gracinha, que seus olhos são brilhantes e que ele será um ícone no futuro. Você é “louca” por esse bebê. Você nem se lembra do cansaço, dos vômitos, da dor, do sofrimento.  Que amor é esse?

Por que essa mãe ama tanto seu recém-nascido? Será que é um sentimento de posse. Isso pode até ser verdade em certa medida. Mas, é muito mais que isso. É amor simples e puro... sem fronteiras. Ela sabe que ali está o sangue do seu sangue... a carne da sua carne! Ela sabe que é o seu legado, a sua herança.  Pouco importa o nada que o bebê lhe tenha dado. Pouco importa o tudo de sofrimento pelos quais passou. Ela, a mãe, sabe que o seu filhote é indefeso, fraco. Ela sabe que ele é fruto do seu ventre e que ele não pediu pra vir ao mundo. Ela sabe que esse amor tem que ser o maior e melhor, independente das circunstâncias. Por quê? Simplesmente ela o ama! Por amor!

E o amor de Deus? Nem eu, nem você pedimos pra nascer. Deus sabe disso! Nós – eu e você – somos frutos da mente de Deus. Ele nos concebeu na eternidade. E nos amou antes dos tempos existirem. Ela já sabia que seríamos miseráveis pecadores. Ele sabia que quebraríamos todas as leis. Ele sabia que daríamos a Ele muito sofrimento. Mas, ainda assim, Ele nos amou. E exatamente por amar sem limites... Ele veio até nós, em Cristo Jesus, e se doou por inteiro. Por mim. Por você. Por toda a humanidade. Simplesmente... por amor.

Ao aceitar esse amor ilimitado somos transformados em filhos. Filhos por adoção (João 1:12). Nesse dia passamos a ser dEle. Ele nos possui por meio do Espírito Santo que passa a habitar em nós. Aí passamos a ser seus olhos, seus pés, suas mãos, seu rosto... seu toque. O mundo não conhecerá a Deus a não ser pelos meus pés, pelas minhas mãos, pelo meu rosto, pelo meu toque de amor para com o meu próximo e para com meu irmão. Que amor é esse? Ele jamais vai deixar de amar assim, mesmo que eu seja o filho mais miserável, abjeto e horrível. Ele simplesmente vai continuar me amando... embora me corrija também. A mãe é assim também.  É a dimensão humana do amor de Deus.

Por mais incrível e absurdo que possa parecer, somos o Corpo de Cristo. Podemos não agir da forma que Deus quer; mas, ainda assim, somo o Corpo de Cristo. Veja as “besteiras” que faziam os membros da igreja de Corinto. Ainda assim, eles eram amados por Deus. Eu e você – filhos dEle – também o somos. Somos filhos dEle. Inalteradamente filhos! Ele nos ama, apesar do tipo de filhos que somos. Ele ama... infinitamente! Nada há que possa fazer Deus amar menos que isso. Ele é amor. Que amor é esse?

Mãe... amor humano maior. Deus, amor divino total e absoluto. Não há limites para o amor verdadeiro. O amor de mãe é espelho do amor de Deus. O amor de Deus é a essência de tudo, pois Ele é amor.  Parabéns mães pelo amor sem limites de cada uma. Nutram-se a cada dia do amor de Deus. Ele é a fonte. Sem a fonte... o amor morre!

Que Deus, no Seu inalterado e ilimitado amor produza mais e mais amor em cada uma. O mundo precisa de mães “filhas” de Deus, que se nutram diariamente do Amor Maior: o amor de Deus.

Obrigado Deus! Por amor tão grande. Tu és amor! Obrigado Deus por todas as mães que espargem amor por este mundo! OBRIGADO DEUS!






segunda-feira, 8 de abril de 2013

ESVAZIAR PARA ENCHER!


Paulo é o maior tradutor da prática do evangelho de Cristo. Cristo sempre foi o seu exemplo maior. O apóstolo foi o único ser humano que teve a ousadia de dizer: “Sede meus imitadores, como eu sou de Cristo” (I Coríntio 11:1).  Por viver a vida de Cristo diuturnamente, explica com muita propriedade a humildade que deve ter o seguidor de Jesus Cristo; e o faz apontando para o próprio Jesus. “Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz!” (Filipenses 2:5-8. NVI).

Cristo, sendo Deus, esvaziou-se de toda divindade... até ser servo, a ponto de lavar os pés de pessoas tão pecadoras como eu. Assentou-se e comeu com mendigos e toda escória da sociedade. Esvaziou-se... e, por isso, Deus o Pai, o encheu, o exaltou o glorificou. “Por isso Deus o exaltou à mais alta posição e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai” (Filipenses 2:9-11).

Isso é exemplo. O próprio Jesus foi o exemplo maior. Paulo o imitou como ninguém. Na vida cristã, obrigatoriamente, é preciso primeiro o esvaziamento para que haja enchimento. Isso é definitivo. Por isso, não posso entender o tipo de evangelho e liderança espiritual grassando nas lides cristãs. Os caminhos ínvios estão proliferando... e a verdadeira igreja de Jesus Cristo, transformando-se em palco de sandices em nome de Deus. 

Veja o exemplo do bispo líder e fundador de uma igreja “denominada evangélica” brasileira. Lançou recentemente um livro que já é “Best seller” não apenas no Brasil, mas onde a igreja tem proliferado. Ouço de pessoas da própria igreja que os fiéis são “obrigados”, ou forçados, a comprarem quantas edições puderem. Assim, vira “Best seller” mesmo. 

Jesus, por acaso, escreveu algum livro sobre si mesmo? Se Ele vivesse hoje, escreveria?  Ainda mais, será que se fizesse sua biografia exaltaria suas qualidades acima de todas as revelações transmitidas pela Sua Palavra, a Bíblia?  Veja o que Paulo escreveu sobre isso em Filipenses 2, acima mencionado.  Ele esvaziou-se... e Deus, o Pai, o exaltou. 

Ao esvaziar-se para tornar-se um como nós, Jesus trabalha durante pouco mais de três anos alicerçado no tripé constante em Mateus 9:35: ensinando, pregando e curando. E, sempre que curava ordenava que não seus feitos não fossem divulgados. Ele não queria holofotes. Ele esvaziou-se de qualquer coisa que não fosse ser servo. Sua intenção sempre era “fazer a vontade do Pai”. Hoje, o líder “Nada a perder”, bem como todos os outros que grassam por aí, são egocêntricos e suas intenções vão muito além de servir a Cristo e fazer a Sua vontade. 

Pelo contrário, o desejo é construir catedrais faraônicas, moram em verdadeiros palácios, possuem canais de televisão, jornais, rádios, jatos particulares, limusines, seguranças... enquanto Cristo não tinha onde “reclinar sua cabeça”. Nada contra ter carros, aviões, casa bonita ou gorda conta bancária.  Mas, não à custa dos fiéis e de satânicas mentiras em nome de Deus. Enriquecer em nome de Deus é pecado e, pior ainda, mentindo para milhões de pessoas simples que se sacrificam em nome de Deus. 

Jesus, aquele que se esvaziou, ensina sobre fugir dos holofotes.  Quanto mais se sobe no conceito humano, menos se esvazia da soberba e, consequentemente, a espada do juízo de Deus pesará sobre os tais.  Jesus ensina isso claramente no final do sermão do monte (Mateus 7:20-23). Em Lucas 14:7-11, ao ser convidado para uma festa na casa de um Fariseu importante, Jesus estabelece critérios desconhecidos pela peçonhenta liderança de tais redutos evangélicos. No verso 11 Jesus conclui de forma contundente: “Pois todo o que se exalta será humilhado, e o que se humilha será exaltado”. 

O título “Nada a Perder” é realmente sugestivo. Pena que a verdade e realidade do famoso bispo não reflitam isso. O verdadeiro cristão não tem nada a perder quando, a exemplo de Cristo (Filipenses 2), se esvazia de si mesmo e se permita encher pelo Espírito. O cristão não tem nada a perder quando seu foco de vida não são os holofotes, mas Cristo e Seu evangelho. O servo nada em a perder quando seu modo de vida não é a luta desesperada por riquezas... mas o compartilhar o que tem com os irmãos e os menos afortunados. Eu não tenho nada a perder a partir do momento em que auto produzo minha biografia, para que os holofotes se foquem em mim... e Cristo seja elemento secundário. “É necessário que Ele cresça e que eu diminua” (João 3:30 NVI). Que importam para o verdadeiro servo qualquer perseguição, afronta e até mesmo a morte? Nada poderá ser comparado ao horror e sofrimento de Cristo.

 Policarpo, C. S. Lewis, Richard Wurmbrand, Dietrich Bonhoefrer, pastor Youcef; mártires por amor a Cristo, não escreveram nem pediram para que suas autobiografias fossem escritas. Ninguém perde nada quando doa sua vida pela causa de Jesus, pois adquire a vida eterna ao lado do Salvador amado.  Por que buscar a glória terrena? Por que buscar o reconhecimento midiático, o nome na história, os louvores humanos? Por que usar a mídia comprada com recursos de “fiéis” enganados para lustrar o próprio nome? Por que pregar cura, libertação, prosperidade o tempo todo e a salvação, a servidão a Cristo ser relegada a lugar nenhum?

Preciso fazer outra observação.  No olho do furacão político está um famoso pastor evangélico. Pessoas há que o seguem cegamente... o que não fazem com Jesus Cristo! Não quero focar em suas afirmações bíblico-teológicas com relação ao preconceito e homofobia. Temos concordâncias e discordâncias.  Todavia, levando em conta o foco deste artigo, mesmo “pastor deputado” (Que Deus nos proteja), causa tristeza profunda e indignação ao meu coração. Como pode transformar assim o puro, santo e melífluo evangelho de Cristo. O evangelho da graça inefável. Vi e ouvi estarrecido pela net a seguinte fala dele: “-... doou o cartão, mas não doou a senha, aí não vale. Depois vai pedir o milagre para Deus e Deus não vai dar... Vai dizer que Deus é ruim!” 

Não quero e não vou entrar no mérito da doação. Ter um coração e bolso aberto para o evangelho é sinal de desapego às coisas materiais. Mas, a afirmação acima não passa de um terrorismo psicológico terrível. É vincular as bênçãos de Deus a produtos materiais. É deturpar violentamente a verdade bíblica. Não vislumbro na Bíblia a troca de dízimos e ofertas por quaisquer bênçãos. Deus não é um Deus de negociatas... ainda mais as escusas. O verdadeiro crente sabe que, por princípio, o dízimo é o começo. Tudo é de Deus, por Ele e para Ele. O verdadeiro crente não precisa sofrer terrorismo psicológico desse naipe. Ele sabe que tudo que é e tem precisa estar à disposição do seu Senhor. O verdadeiro crente oferta, dizima, abre sua casa e tudo que tem... POR AMOR! Se não for por amor, não há valia alguma. Paulo deixa claro esse ensinamento ao colocar: “- Cada um dê conforme determinou em seu coração, não com pesar ou por obrigação, pois Deus ama quem dá com alegria” (II Coríntios 9:7 NVI).

Seria muito mais digno que os tais bispos, apóstolos, pastores e quejandos se humilhassem e “pedissem o boné” definitivamente. A igreja de Jesus Cristo é coisa séria. Esses líderes precisam ler e meditar profundamente em Mateus 7:21-23 (insisto sempre nesse texto). Pastor tem um chamado específico: pregar o evangelho, visitar os órfãos e viúvas e ajudar quem precisasse. Esses líderes desvirtuaram completamente uma vocação divina. Igreja é para quem tem compromisso total com a verdade do evangelho. Ser líder de igreja é servia Cristo e a ninguém mais. Servir a Cristo não é chafurdar-se em um sistema político eivado de corrupção e heresias. Homens e mulheres de Deus precisam ser preparados para a política. Pastores e líderes religiosos foram chamados para uma missão evangelizadora. O que passar disso é pecado e, por isso, dar-se-á contas a Deus. 

Jesus precisa de pessoas consagradas, destemidas, leais, fiéis e que paguem o preço da sua incorruptibilidade e não negociatas com o mundo. Jesus não precisa de conta em banco, nem de cartões de crédito. Jesus precisa de vidas no Seu altar!

Muito mais digno foi o papa Bento XVI, que não tendo condições políticas (e quem sabe espirituais) de resolver os profundos problemas e dilemas do catolicismo resolveu “pedir o boné”. Isso não é sinal de fraqueza. É sinal de hombridade e de caráter. Tenho todas as discordâncias teológicas e bíblicas com a Igreja Católica, mas sei reconhecer atos altruístas e verdadeiros... de quem quer que sejam. 

Esvaziar para Encher! Esvaziamento da soberba, da mentira, dos holofotes, da enganação, do adultério espiritual, da auto midiatização em busca do poder a qualquer custo. Evangelho não é mercadoria... é vida! Ser e não ter! Crer e não ver! Evangelho é amor, é santificação. É, cada um carregar a sua cruz! É despojar-se de si mesmo. O texto de Mateus 19:21 tem validade apenas para os fiéis... jamais para esses líderes. Jesus disse ao jovem rico: “-Se você quer ser perfeito, vá, venda os seus bens e dê o dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro nos céus. Depois, venha e siga-me”. Imagine Jesus dizendo isso para tais líderes. 

Esvaziar para Encher! Encher-se do Espírito Santo. Encher-se de humildade. Encher-se de sabedoria vinda de Deus. Encher-se de amor aos perdidos, aos pobres e as viúvas. Encher-se da graça de Deus. Encher-se da grandeza de esvaziamento de si mesmo e de enchimento de Deus. Que assim seja. Amém!


terça-feira, 2 de abril de 2013

O EVANGELHO QUE A BÍBLIA DESCONHECE!


Poderia chamá-lo de anacrônico... mas não seria a realidade total. Poderia chamá-lo de esdrúxulo, e não seria toda a verdade. Há quem o chame de evangelho do umbigo. Li recentemente um artigo sobre o “evangelho chupa cabra”.  Enfim, todas essas definições são pra dizer que o meu coração de pastor, com mais de trinta e dois (32) anos de lide, anda muito taciturno com o que vejo na igreja evangélica brasileira, com raras exceções. 

Vejo um evangelho ao mesmo tempo anacrônico e esdrúxulo. Um evangelho que não é aquele ensinado por Jesus e seus discípulos.  Não é o evangelho da vida cristã autêntica.  Não é o evangelho dos heróis da fé. Não é o evangelho cujo centro é o Senhor Jesus. Estou conhecendo um evangelho que a Bíblia, verdadeiramente desconhece. Vou nomear algumas esquisitices que percebo hoje em nome do evangelho, da Bíblia, de Deus. Vou, simplesmente, definir algumas coisas que tenho visto em algumas igrejas. Esquisitices evangélicas. 

Pastores há que saem de seminários e faculdades teológicas sem conhecerem a Bíblia; ou não se importam com ela. São picados pela mosca “hollywoodiana”. Preferem viver o “glamour” dos focos luminosos do mundo, do que a humildade de Jesus que, mesmo sendo Deus, esvaziou-se de si mesmo (Filipenses 2). A Bíblia é algo meramente secundário em suas vidas. Um livro de estante. Por isso, o culto que praticam é aquele onde a palavra pregada é vazia e estéril. Quase sempre um amontoado de filosofias e psicologias alheias à Bíblia; relegada a alguns minutos corridos na parte final do culto. Fui convidado a pregar numa igreja, num culto jovem (sic). Fui avisado que o culto terminaria as 21:00 horas. Depois de uma hora e quinze minutos de “louvor e adoração gospel”, e mais alguns de avisos, passaram-me a palavra para a mensagem. Não tive dúvidas: li o texto e avisei que o tempo tinha acabado. Fui embora. Afinal, para esse tipo de “platéia” (e não servos de Cristo), uma mensagem bíblica seria pedante e anacrônica. Certamente iriam me deixar sozinho!

Esse tipo de pastor “hollywodiano” quer toda atenção para si. Os cultos são pândegos. O púlpito vira palco e picadeiro. A membresia de servos não existe... apenas platéia. O negócio é cantar, dançar, gritar e, pasmem, profetizar o que nunca ouviram. Num desses cultos, faz alguns anos, na cidade de Diadema (SP), uma “pastora”, com a maior cara de pau “profetizou” que ouvira de Deus que uma determinada irmã, solteirona, da “platéia” iria se casar com um homem que, também, estava na “platéia”.  Poucos meses depois os dois estavam casados... afinal, fora revelação profética. Nem é preciso dizer que o casamento não durou seis meses. 

A pastorlatria, e ou, autolatria, chega ao cúmulo quando não mais se ouve falar de “igreja tal (batista, metodista, presbiteriana, assembléia, etc.). O que mais se ouve é “a igreja do apóstolo tal, do bispo tal, do pastor tal).  Menos ainda se ouve dizer: - A igreja de Jesus Cristo a qual sirvo! Fora isso há as toalhas abençoadas com o suor do dito cujo, os vidrinhos com água do rio Jordão, o óleo ungido e outras tantas esquisitices de um “evangelho” (sic) que não é o da Bíblia. 

Os cultos nesses arraiais só são bons se houver um estado de catarse profundo. As pessoas devem sair dos “cultos” suados de tanto glorificar.  Assisti (o que é diferente de participar) a um culto na cidade de Jundiaí (SP), onde o preclaro pastor levava a igreja inteira a gritar e pular bem alto para que, ao bater o pé no chão, esmagasse a cabeça de satanás. Só rindo! Até parece que Cristo já não fez isso. Aquilo mais parecia uma academia onde as pessoas praticavam aeróbica. 

Igrejas há onde a mensagem sobre inferno, salvação, perdão, reconhecimento de pecado, vida cristã, senhorio de Cristo inexiste faz muito tempo. O negócio é deixar a “platéia” feliz e garantir a prosperidade. Isso é hedonismo, não cristianismo. Não compromisso sério com Jesus Cristo. As pessoas não mais se preocupam em parecer com Cristo, mas em parecer com o mundo e seus atrativos. Não existe um chamamento ao compromisso e a fidelidade a Jesus Cristo. 

Pertencer a Cristo é outra coisa. Pertencer a Cristo é ser servo dEle! É submeter-se à Sua soberana vontade. Quem, de verdade, pertence a Cristo é feliz, apesar das vicissitudes da vida. A pessoa que pertence a Cristo é feliz porque luta diariamente pela sua santificação; reconhecendo que é miserável pecador e totalmente dependente da graça de Jesus Cristo. 

Parece que nessas igrejas não se conhece a galeria dos heróis da fé de Hebreus 11. Não se conhece a história de Policarpo, de C. S. Lewis, de Richard Wurmbrand, Dietrich Bonhoeffer, do apóstolo Paulo, do pastor Youcef e tantos outros que morreram, ou quase, pela fé em Cristo. Nessas igrejas não se tem conhecimento de textos como o de Marcos 13:9-13. A teologia da prosperidade - e similares - só sabe usar “posso tudo naquele que me fortalece”, totalmente fora do contexto (assim vira pretexto), pois não conhece o que é hermenêutica. Os fins são escusos. Foi Jesus quem disse: “Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas. Portanto, não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã trará as suas próprias preocupações. Basta a cada dia o seu próprio mal” (Mt. 6:33-34 NVI).

“Duas filhas tem a sanguessuga. Dê! Dê!, gritam elas” (Provérbios 30:15). Creio que este é texto básico dessas teologias, sem verificação do contexto. O que se vê é uma ridícula criação de novas teologias sem quaisquer ligações sérias com a Bíblia Sagrada. A mim me parece que cada “inventor de uma nova teologia” a patenteia como sua e nem quer saber se Jesus Cristo a aprova. Afinal, o “santo homem de Deus” é intocável e sua palavra está acima da Palavra de Deus... e ainda criticam o catolicismo pelas bulas e encíclicas papais. Que evangelho diabólico é esse!

O que sabem dizer é “Dê! Dê!, como abutres e sanguessugas modernos estribados em qualquer coisa, menos na Palavra de Deus, embora a usem amiúde e inescrupulosamente. Interessante que após sugar até a última gota... largam suas presas ao relento, aos seus problemas e dificuldades. Afinal, já serviram aos seus instintos carnais. Que o digam os milhares de “desigrejeiros” (esse termo eu li em um artigo do Pastor Isaltino Gomes Coelho Filho, os quais leio assiduamente). 

Falando em pastor Isaltino Gomes, recomendo aos meus leitores a leitura de um artigo dele intitulado “Religião ou Magia”. Lá, ele trabalha a questão de que os “cristãos” confundem religião com magia e o fazem em cima de três fatores: a) A Bíblia vista como livro de receitas mágicas; b) o pastor que é visto como pajé; c) e o culto entendido como manipulação de forças espirituais. Vale a pena ler o artigo no seu site. 

“De fato, todos os que desejam viver piedosamente em Cristo Jesus serão perseguidos” (II Timóteo 3:12 NVI). “... pois a vocês foi dado o privilégio de não apenas crer em Cristo, mas também de sofrer por ele...” (Filipenses 1:29 NVI). Por que quase ninguém ensina mais esses textos? Dietrich Bonhoeffer foi enforcado no campo de concentração de Flossenburg, na Alemanha, em 09 de abrir de 1945, por causa de sua fé. Ele deixou escrito que o sofrimento é o sinal do verdadeiro cristão.

O cristianismo precisa voltar às suas origens bíblicas. Precisa deixar de ser egocêntrico e ser o que sempre deveria ser: CRISTOCÊNTRICO. Ah, se a igreja e os líderes se espelhassem no apóstolo Paulo que teve a ousadia de dizer duas coisas que me estremecem. A primeira está em Gálatas 6:17: “Sem mais, que ninguém me perturbe, pois trago comigo as marcas de Jesus” (NVI). A segunda está em I Coríntios 11:1: ‘Tornem-se meus imitadores, como eu sou de Cristo” (NVI).

Quais as minhas marcas espirituais que me identificam como seguidor de Jesus Cristo? Quais as marcas espirituais que deixam essas igrejas e líderes que os marcam como servos de Jesus Cristo. Pobres igrejas e miseráveis líderes. Deus vai pedir contas. Definitivamente... esse evangelho não é o verdadeiro evangelho deixado por Cristo e seus discípulos: o evangelho da Bíblia.  Amém 




sexta-feira, 8 de março de 2013

DIA INTERNACIONAL DA MULHER


Na verdade todo dia deveria ser dia da mulher. Também do homem, da mãe, do pai, dos avós, dos filhos. Simplesmente porque todo ser humano deveria ser respeitado, homenageado, amado... todos os dias como seres “criados à imagem do Criador”. Mas, independente disso, hoje se comemora o DIA INTERNACIONAL DA MULHER. Benditas sois!

No dia 08 de março de 1857, operárias de uma fábrica de tecidos em Nova Iorque (EUA), fizeram uma grande greve e ocuparam a fábrica reivindicando melhores condições de trabalho tais como: redução da carga diária de trabalho para dez (10 horas), pois trabalhavam dezesseis (16) horas diárias; equiparação salarial com os homens, porque elas recebiam até um terço deles, executando o mesmo tipo de trabalho; e, também, tratamento digno dentro do ambiente industrial.

A manifestação foi violentamente reprimida. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica e esta foi incendiada. Aproximadamente centro e trinta (130) tecelãs morreram carbonizadas, num ato criminoso e desumano.

Apesar da comoção, apenas em 1910 (hum mil novecentos e dez), durante uma conferência na Dinamarca, ficou decidido que em 08 de março seria comemorado o “Dia Internacional da Mulher” em homenagem as mulheres mortas na fábrica em Nova Iorque. Todavia, apenas em 1975 e através de um decreto, a data foi oficializada pela ONU.

O objetivo inicial não foi o de apenas homenagear ou comemorar. Era, através de conferências, debates e reuniões mundo afora, discutir o papel da mulher na sociedade atual. O esforço sempre se concentrou em tentar minimizar, diminuir e até acabar com o preconceito e desvalorização da mulher. Mesmo com tantos avanços as mulheres, em muitos locais, sofrem com salários mais baixos, violência masculina, jornada excessiva de trabalho, desvantagens na carreira profissional. Verdade que muito já foi conquistado, mas há ainda muito a caminhar e modificar.

Um dos grandes marcos para mulher brasileira foi a data de 24 de fevereiro de 1932. Nessa data foi instituído o voto feminino. Só a partir dessa data as mulheres puderam votar e serem votadas. Infelizmente no mundo chamado de “cristão” ainda há, também, muito preconceito. Igrejas ainda existem em que a mulher não pode, ao menos, fazer oração silenciosa.

Deus na sua Onipotência imarcescível criou a mulher... joia rara. Dotou-a de atributos estupefacientes: a maternidade que perpetua a raça; o amor incondicional à semelhança dEle; o companheirismo que é o suporte masculino; a percepção antecipada das coisas e tantos mais. Qual gotas sobre o rocio matinal o elemento feminino transforma-se e multiplica-se: mulher, mãe, esposa, filha, companheira... e sabe-se lá o quanto mais. Deus na sua Onipotência fê-la especial, obra prima da criação. Fê-la simplesmente “MULHER”.

Cá do meu cantinho homenageio minha querida mãe que está tão adoentada, apenas esperando a chamada do Seu Salvador e Senhor Jesus, a dona Rosinha. Homenageio aquela mulher especial que escolhi para ser minha esposa, companheira, amiga, amante, namorada e cúmplice: Jacira. Além disso, Deus deu a mim o privilégio de ser pai de duas joias raras, duas mulheres especiais: Júnia e Jane. Por sua vez, estas também me deram duas netas lindas, graciosas, especiais: Laura Elis e Lorena. Amo de paixão minha querida irmã Damaris, a Lilinha, única mulher entre seis irmãos. E como esquecer a minha sogra Ilma Maria? Mulher de fibra, guerreira. Homenageio também minhas cunhadas e sobrinhas. Se esqueci de alguém... perdoem a este ser macróbio, pois a mente já não se lembra de tantas coisas. Obrigado mulheres da minha vida. Vocês são fantásticas e embelezam meus dias. Que Deus as abençoe ricamente.  Às “mulheres da minha vida”, acima citadas e a todas as mulheres que lerem este artigo, dedico a poesia que escrevi para homenageá-las.

SIMPLESMENTE MULHER!
                                       Eziquiel M. Nascimento

Nasceu uma menina! Seu nome? Inocência!
Ela brinca, briga, chora, sorri e sonha...
É a boneca, o fogão, a casinha!
Que será ao crescer?
Simplesmente... MULHER!

Adolescente! Desabrocha uma linda flor!
Ela estuda, namora, chora e sonha...
Ser doutora, mãe, esposa!
Que será ao ser adulta?
Simplesmente... MULHER!

Juventude! Surge a dona do mundo!
Luta, acredita, brilha e vai além...
Sonhos possíveis e impossíveis!
Em que se transformará?
Simplesmente... MULHER!

Profissional! Busca por todos os sucessos!
Nem Amélia, nem Iolanda. Executiva...
Mestra, gari, caminhoneira, jornalista!
Ou, que outras profissões?
Simplesmente... MULHER!

Casada! Tem a dádiva de cultivar a vida!
Esposa, mãe, filha. Amor verdadeiro...
Sábia, amável, companheira, guerreira!
E que mais poderia ser?
Simplesmente... MULHER!

Melhor idade!  Tens a chama da sabedoria!
Vovó, vozinha, saudades. Ainda a sonhar...
Amou, sonhou, se decepcionou, recomeçou!
Complacente, sempre será,
Simplesmente MULHER!

Mulher! Carregas a essência de Deus!
Guerreiras, dadivosas, fortes, vitoriosas...
Mulheres virtuosas são todas vocês!
Filhas de Deus, únicas, especiais,
Simplesmente... MULHER!



quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

DE PASTORES E DE HERÓIS!


Não sei ao certo se são heróis ou super-heróis! O mundo está cheio deles. Pobre da sociedade que precisa de heróis, super-heróis ou ídolos! O ser humano busca aquilo que não é – e gostaria de ser- em outros seres humanos que considera heróis. Quando criança eu também tinha meus heróis. Cresci, amadureci, aprendi e entendi definitivamente o que significa ter heróis e ídolos humanos... é para os fracos. Quem – da minha idade - não se lembra do Zorro? Do Capitão América? Do Fantasma? Mais modernamente há o Batman, o Homem Aranha e tantos outros. Outros colocam seus ideais em líderes políticos. Foi assim com Hitler, Mussoline, e tantos mais. Hoje alguns políticos brasileiros continuam sendo idealizados como super-heróis também. E no meio evangélico? Há pessoas – uma multidão – que não daria sua vida por Jesus... mas a daria por alguns “super-heróis” pastores, apóstolos, bispos ou querubins que estão se enriquecendo a custa da ignorância bíblica dos “fiéis”. Fiéis a esses astros... não a Jesus. Ao depositar sua fé e esperança em heróis humanos perpetua-se uma ideologia satânica onde se pensa que uma só pessoa resolve tudo. Esquece-se que esse “ídolo” é humano, portanto feito, também, de barro.

Idealiza-se um mundo utópico, quimérico, ideal! Ele simplesmente não existe. Veja que o Criador em Sua sabedoria fez o humano diferente dos outros animais. Um boi, um cavalo, uma cabra ao nascerem já saem andando. Dentro de poucas horas estarão providenciando o próprio alimento. Com os humanos não é assim. Foram feitos para socialização e dependência. A criança ao nascer se não tiver cuidados – e muitos – jamais chegará a ser adulto. E quando adulto vai sempre viver na dependência de trabalhos alheios.  Ninguém é uma ilha. Todos fazemos parte de um processo muito bem estruturado de dependência uns dos outros. Super... há um só! Deus!

O maior teólogo de todos os tempos e, em consequência, o maior intérprete de Jesus e do verdadeiro cristianismo foi o apóstolo – o verdadeiro – Paulo. Ele encontrou essa situação na igreja de Corinto. Lá uns idolatravam a Apolo, outros a Paulo, talvez outros a Pedro.  Mas, não “idolatravam” a Jesus. Basta ler I Coríntios 3.  Então, de forma contundente Paulo afirma: “Afinal de contas, quem é Apolo? Quem é Paulo? Apenas servos por meio dos quais vocês vieram a crer, conforme o ministério que o Senhor atribuiu a cada um. Eu plantei, Apolo regou, mas é Deus quem fez crescer; de modo que nem o que planta nem o que rega são alguma coisa, mas unicamente Deus que efetua o crescimento” (I Co. 3:5-7 NVI).

Paulo estava lidando com uma igreja cheia de humanos, como são todas as existentes desde sempre. Lá havia dissensões, inveja, brigas. O foco principal dos crentes de Corinto era bem outro do verdadeiro. Havia uma disputa interna pra saber quem era o maioral: Apolo ou Paulo. E Cristo? Hoje, há uma renhida briga entre os milhares de fãs pra saber quem é o maior: Bispo X (há tantos), apóstolo V, missionário R, pastor S, querubim tal. Nada mudou. A ignorância e desconhecimento de Deus e de Sua palavra é crassa. Por caminhos ínvios o mundo evangélico tem andado.

Todo e qualquer líder é feito da mesma massa que todos os seres humanos. Portanto, pecadores, falhos. Líderes espirituais são – ou deveriam ser – apenas SERVOS. Servos de Deus e da sua igreja. É isso que Paulo ensina claramente no texto de I Coríntios 3.  Nem o que plantou, nem o que está regando são coisa alguma. Ah, se as pessoas escutassem o que Paulo ensinou... o mundo cristão seria diferente.

A mim me parece que esses tais sofrem aquilo que a psicologia chama de “Complexo de Messias”. Acho que alguns desses, que são psicólogos, faltaram à aula nesse dia. A enciclopédia Wikipédia diz o seguinte: “Complexo de messias é um estado psicológico no qual o indivíduo acredita ser ou estar destinado a se tornar o salvador de algum campo de atuação específico, grupo, evento, período de tempo ou até mesmo do mundo inteiro. Afligidos pelo Complexo de Messias louvam sua própria glória ou alegam absoluta confiança em seus próprios destinos e capacidades e nos efeitos que terão sobre um grupo de pessoas ou aspecto da vida. Em alguns casos o complexo de messias pode estar associado à esquizofrenia onde a pessoa ouve vozes, tem alucinações e acredita que é Deus, espíritos, anjos, deuses ou outros que falam com ele o que, na visão da pessoa, confirmaria sua messianidade. Nos casos mais graves, pessoas com Complexo de Messias podem se ver literalmente como Messias espirituais/religiosos com poderes transcendentes e destinados a salvar o mundo”.

O ditador Hitler desenvolveu o Complexo de Messias. Isso se tornou em fobia contra os judeus quando percebeu que a Alemanha piorava sua situação na Segunda Guerra Mundial. Em abril de 1942 foi redigido a “Solução Final”; medida que acentuou o extermínio em massa dos judeus.  Transcrevo “ipsis líteres” do site TERRA: “Os analistas do serviço secreto notaram um estado de paranoia nos discursos de Hitler e uma crescente preocupação em acabar com uma população que o político alemão via como a encarnação do diabo. O documento, escrito pelo acadêmico da Universidade de Cambridge Joseph MacCurdy, foi encontrado nos arquivos dos familiares de Mark Abrams, um cientista social que trabalhou para a seção de análise de propaganda da BBC. Poucas semanas depois da redação do relatório, o Terceiro Reich elaborou seu plano para aplicar a Solução Final. MacCurdy afirmava que Hitler demonstrava em seus discursos sinais de "paranoia", "histeria" e "epilepsia", causada por uma situação na qual ele "contemplava a possibilidade de uma derrota total". O mais preocupante, segundo o acadêmico, era a crescente paranoia de Hitler, especialmente seu complexo messiânico, pois ele achava que liderava o povo eleito”.

Porventura não é exatamente que tem acontecido com esses pastores super-heróis? Arrogam-se como super-heróis, transmitem a ideia e as pessoas incautas ou com outros interesses passam a ver nessa pessoa o seu super-herói. Isso retroalimenta a mente doentia hitleriana da maioria desses pastores, bispos, apóstolos e correlatos. Estes acham que, sozinhos, vão salvar o mundo, ou o seu grupo e que não precisam de mais ninguém e que a “concorrência” faz mal. Pessoas com Complexo de Messias não sabem que o verdadeiro crescimento do Reino de Deus não se faz assim. Paulo deu a fórmula faz dois mil anos: um planta, outro rega... mas é Deus quem dá o crescimento; portanto, todos somos servos uns dos outros. Lembrando que “o Filho do homem não tinha onde reclinar a sua cabeça” (Mt. 8:20).

A coisa fica ainda pior quando se vê a igreja alimentando isso de forma ferrenha. Idolatram o seu pastor, apóstolo, bispo; ou seja lá o que for. Aí deduzem que a oração do seu super-herói é mais poderosa (afinal, seu herói diz que vai fazer uma ‘oração forte’). Por isso, a pessoa não ora mais, precisa chamar o pastor super-herói. O pastor ou congêneres passam a ser a solução para tudo na vida das pessoas. As pessoas passam a viver uma vida cristã desgraçada; afinal, elas possuem um super-herói que está sempre pronto pra resolver seus problemas. Quando encontram um pastor sério, conhecedor da Palavra e com intimidade com Deus o rejeitam porque ele “não tem oração forte nem poder”. Satânica ignorância. O pastor é que tem que evangelizar seus amigos, parentes, vizinhos; afinal, eles também precisam ir para o céu. Mas, quem tem que fazer isso? O super-herói. E o “crente” não mais evangeliza. Afinal, para isso existe o super-herói que está todo dia na televisão. Basta assistir e beber uma água abençoada com oração forte. Deus... que cristianismo é esse?  Como já dizia uma velha música de um roqueiro nacional: “Pare o mundo que eu quero descer”!

Igreja é uma comunidade de pessoas salvas em Jesus Cristo e por Jesus Cristo. O líder é alguém vocacionado por Deus para dirigir Seu povo a “pastos verdejantes” e fazer desse povo discípulos. Discípulos que, sob a liderança humana do pastor e sob o poder do Espírito Santo levem o evangelho da graça salvadora a todos aqueles que estão ao alcance e no raio de ação da igreja. Costume dizer que há igrejas que, se fecharem as portas, não farão qualquer diferença na vida da comunidade onde estão plantadas. Qualquer padaria, se fechada, fará mais falta do que a igreja. A igreja não incomoda mais a vida espiritual das pessoas. A maioria é só barulho e idolatria evangélica insuflada pela autolatria de líderes com Complexo de Messias.

A verdadeira igreja de Jesus Cristo, independente de denominação, precisa exterminar com líderes com esse Complexo de Messias. Deixar o individualismo e partir para um trabalho sério através de toda igreja ou equipes treinadas para evangelizar. Todo verdadeiro cristão precisa ter presente em seu coração e mente que o Reino de Deus não se faz com super-heróis, mas com servos dedicados e unidos em um só propósito: salvar vidas para Cristo. Minha obrigação como filho de Deus é fazer a minha parte e “... ai de mim se não pregar o evangelho...” (I Co. 9:16). O convencer é obra do Espírito Santo. O trabalho é meu, do meu irmão, do líder... todos unidos pela força do amor a Deus e na dependência do Espírito Santo em obediência as ordens do Senhor Jesus. Amém.